Pumas de São Paulo estão sob ameaça com avanço da 'selva de pedra' sobre a floresta 14/06/2025
- Ana Cunha-Busch
- 13 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 14 de jun.

Por AFP - Agence France Presse
Pumas de São Paulo estão sob ameaça com avanço da 'selva de pedra' sobre a floresta
Facundo Fernández Barrio
Prédios de apartamentos e shopping centers brotam como cogumelos ao redor de um santuário de gatos selvagens que abriga onças-pardas que se recuperam de ferimentos sofridos nas mãos do homem no estado de São Paulo, no Brasil.
O refúgio Mata Ciliar se estende por uma área equivalente a 40 campos de futebol a apenas 90 quilômetros da capital do estado, São Paulo - a maior metrópole da América Latina.
Vinte e cinco onças-pardas e dez onças-pintadas estão recebendo tratamento no centro - incluindo Barreiro, uma onça-parda de cinco anos de idade que recebeu o nome do bairro semi-rural onde foi encontrada presa em uma armadilha feita com um cabo de aço.
Barreiro está sendo tratado de um corte profundo no quadril.
“Devido ao avanço da urbanização em seu habitat natural, quando o puma se move, ele se perde entre estradas, condomínios fechados e outras intervenções humanas”, disse à AFP o presidente da Mata Ciliar, Jorge Bellix.
À medida que seu habitat diminui com a expansão humana, o puma é forçado a se aproximar dos assentamentos para encontrar alimento - que pode incluir animais de estimação e gado, já que sua dieta natural de veados e animais silvestres menores diminui.
Os grandes felinos correm o risco de serem atropelados por carros, eletrocutados por cercas de segurança ou presos em armadilhas colocadas por caçadores que tentam capturar javalis ou por moradores que afastam predadores.
Alguns são caçados por suas peles ou como troféus.
“Se isso continuar, infelizmente testemunharemos a extinção de várias espécies (de animais) dentro de alguns anos”, disse Bellix, cujo refúgio já tratou cerca de 32.000 criaturas desde que foi fundado há quase 30 anos.
- ‘Selva de pedra’
A Mata Ciliar também abriga macacos e lobos-guará e está localizada dentro da vasta floresta Mata Atlântica, em um país com uma das maiores diversidades de felinos selvagens do mundo.
Mas, a poucos quilômetros de distância, surge a extensão cinzenta de São Paulo, uma metrópole de 21 milhões de habitantes apelidada de “selva de pedra”.
“A situação é crítica: os animais de São Paulo estão perdendo a guerra contra a urbanização”, disse a veterinária Cristina Harumi, que ajudou a salvar Barreiro e espera que ele possa ser devolvido à natureza em breve.
A onça-parda, que está no topo da cadeia alimentar, é considerada um bioindicador: seu desaparecimento seria um sinal alarmante da extensão da degradação ambiental, acrescentou ela.
A onça-parda, também conhecida como leão-da-montanha, está listada como “quase ameaçada” no Brasil pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), que mantém a “Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas”, enquanto as subespécies de leão-da-montanha fora da bacia amazônica são consideradas “vulneráveis”.
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