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Atividades econômicas ilegais aumentaram o desmatamento na Mata Atlântica, Brasil.O estudo analisou imagens tiradas do espaço 19/02/2025

  • Foto do escritor: Ana Cunha-Busch
    Ana Cunha-Busch
  • 18 de fev.
  • 4 min de leitura



Metade de uma área desmatada por © Fernando Frazão/Agência Brasil
Metade de uma área desmatada por © Fernando Frazão/Agência Brasil

Atividades econômicas ilegais aumentaram o desmatamento na Mata Atlântica, Brasil.

O estudo analisou imagens tiradas do espaço


Por Agência Brasil


Guilherme Jeronymo - Repórter da Agência Brasil

Publicado em 14/02/2025 - 09:02

São Paulo, Brasil


O uso da terra para pecuária, carvoaria e plantio de soja foram as atividades econômicas que mais contribuíram para a devastação da Mata Atlântica na última década e custaram ao bioma o equivalente a 200 mil campos de futebol entre 2010 e 2020. A maioria das ocorrências se deu em pequenas áreas de grandes propriedades privadas e com indícios de ilegalidade.


Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), da Universidade de São Paulo e da organização não governamental (ONG) SOS Mata Atlântica analisaram dados de imagens captadas por satélites das regiões de ocorrência da Mata Atlântica no país entre 2010 e 2020. Os dados consolidados indicam que mais de 186 mil hectares de floresta madura foram derrubados em 14 mil localidades diferentes, do litoral do Nordeste ao Sul.


O estudo foi publicado na sexta-feira (14) na revista Nature Sustainability com o título Alarming patterns of mature forest loss in the Brazilian Atlantic Forest (Padrões alarmantes de perda de floresta madura na Mata Atlântica brasileira) e analisou os padrões espaciais e temporais do desmatamento, considerando a distribuição geográfica, o tamanho, o perfil da propriedade da terra e o uso da terra após o desmatamento.


O estado da Bahia foi onde ocorreu a maior parte da perda, principalmente na região de divisa com Minas Gerais, formando o maior hotspot para o aumento dos pontos de desmatamento no período retratado, com metade dos registros, justamente em uma região onde o plantio de eucalipto para a produção de carvão vegetal para uso em termelétricas é uma atividade importante. As propriedades mineradoras também registraram atividades que desrespeitaram as florestas maduras. Outro destaque negativo são as perdas no Paraná e em Santa Catarina, os outros pontos críticos identificados.


Além do impacto no aquecimento global, já que a derrubada emite uma grande quantidade de gases de efeito estufa, a floresta no solo tem impacto na quantidade e na qualidade da água que abastece as cidades. “Estamos falando da região que concentra a maior parte da população do país”, diz o estudo. Há uma série de serviços ambientais, ou seja, ganhos com a floresta em pé, cuja consequente falta impacta a sociedade como um todo, mas é mais acentuada sobre os mais pobres, que são os mais afetados pelo aumento dos preços dos alimentos, pelas enchentes e pela crise climática.


O estudo também destaca a insuficiência das áreas protegidas para conter o avanço do desmatamento. Em nota, a coautora do estudo, Silvana Amaral, pesquisadora do INPE, ressaltou que o desmatamento em terras indígenas e quilombolas, bem como em áreas protegidas, embora em menor volume, ainda apresenta índices preocupantes. “Isso evidencia a necessidade de maior apoio a essas comunidades e de uma governança ambiental mais eficaz”, acrescenta. Os autores sugerem que, além de intensificar a aplicação da Lei da Mata Atlântica, é fundamental investir na recuperação de ecossistemas degradados e na ampliação de áreas protegidas, combinando esforços de conservação e desenvolvimento sustentável.


O estudo começa quatro anos após a aprovação da Lei da Mata Atlântica, em 2006. Segundo Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, isso deveria ser suficiente para que os governos, em suas diferentes esferas, tivessem base para coibir esse tipo de atividade em grandes ou pequenas propriedades. “Isso já passou por vários governos. Em comparação com outras literaturas, há indícios de que quase todo esse desmatamento foi ilegal e poderia ter sido combatido pelo Estado, o que não aconteceu”, explica o pesquisador. Segundo ele, “é fundamental fortalecer os mecanismos de fiscalização e criar incentivos econômicos para que a conservação seja viável, principalmente em propriedades privadas, pois precisamos ter mecanismos que não sejam baseados em comando e punição”. A publicação também menciona alguns projetos pioneiros nesse sentido, mas nenhum deles em escala suficiente para reverter os aumentos.


Educar as pessoas e trabalhar com o legislativo

Como uma parte significativa dos impactos vem de pequenas propriedades, o fator educacional é importante. Há pouco esforço sistemático para conscientizar a população sobre a importância da preservação por meio de conteúdos educativos, segundo Guedes Pinto, e a postura de vereadores e deputados que propõem a flexibilização das proteções piora o quadro, pois reforça a sensação de impunidade.


Isso é agravado pela postura dos políticos do poder executivo. Do Ibama às secretarias municipais, há dezenas de exemplos de estruturas públicas que foram impactadas nos últimos anos, dificultando a continuidade das ações de fiscalização e interrompendo importantes esforços de políticas de Estado. “No governo Bolsonaro, houve aumento de taxas. No início do governo Lula, houve uma queda acentuada. Isso está relacionado à postura do governo, que gera uma sensação de impunidade, enfraquecendo órgãos como o Ibama, que são responsáveis pela fiscalização. No atual governo, com suas limitações e contradições, há uma postura de enfrentamento das mudanças climáticas, de contenção do desmatamento e de retomada da fiscalização. Isso muda o ambiente institucional e os resultados. Independentemente do governo, porém, isso tem que ser respeitado e tem que se tornar uma política de Estado”, diz o porta-voz da SOS Mata Atlântica.



 
 
 

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