Ausência de espuma tóxica em rio indiano anima devotos hindus. 27/10/2025
- Ana Cunha-Busch
- 26 de out.
- 3 min de leitura

Por AFP - Agence France Presse
Ausência de espuma tóxica em rio indiano anima devotos hindus
Arunabh Saikia
Milhares de devotos mergulharam nas águas poluídas do rio Yamuna, na capital indiana, na segunda-feira, para um festival hindu, em meio a disputas políticas sobre o sagrado, porém gravemente poluído, curso d'água.
Ao anoitecer, os fiéis ficaram com água até a cintura nas águas marrons do rio para oferecer orações ao deus-sol Surya enquanto o orbe poente mergulhava na névoa que cobria o horizonte de Nova Délhi, marcando o festival anual de Chhath.
Ao contrário dos anos anteriores, o cenário estava livre das espessas camadas de espuma branca que há muito simbolizam a condição tóxica do Yamuna.
"Pelo menos desta vez parece um rio, mesmo que sujo", disse Kanchan Devi, dona de casa de 35 anos.
"Antes, era como entrar em um ralo imundo."
O rio Yamuna, um importante afluente do Ganges, continua sofrendo com poluição severa, apesar das repetidas promessas de limpeza.
Em um local no sul de Déli, em 2021, os níveis de bactérias fecais excederam os limites de segurança sanitária em 8.800 vezes.
O péssimo estado do rio foi uma questão fundamental nas eleições em Déli no início deste ano, que levaram o Partido Bharatiya Janata (BJP) do primeiro-ministro Narendra Modi a retornar ao poder na extensa megacidade com mais de 30 milhões de habitantes.
Uma das principais promessas de campanha do partido nacionalista hindu foi limpar o rio.
A ministra-chefe de Déli, Rekha Gupta, disse na segunda-feira que, graças aos esforços de seu governo, "depois de muitos anos, nossos irmãos e irmãs poderão adorar o sol às margens do Yamuna".
- 'Cosmético' -
"Esta água está agora em condições tais que criaturas aquáticas podem viver muito bem nela, enquanto antes, nem mesmo um mosquito conseguia se desenvolver nela", disse Gupta a repórteres.
Mas líderes da oposição chamaram a limpeza de "cosmética", alegando que produtos químicos foram usados para mascarar a espuma sem abordar as causas fundamentais da poluição: esgoto não tratado e efluentes industriais.
Análises laboratoriais realizadas no início deste mês indicaram que a contagem fecal no rio havia diminuído desde o ano passado, mas permanecia longe de ser segura na maioria dos locais.
"No geral, certamente está melhor do que antes", disse Sanjay Paswan, carpinteiro.
"Venho aqui há uma década. A diferença é nítida."
A crise de poluição de Déli se estende além de seus rios.
A capital é rotineiramente coberta por smog tóxico a cada inverno, uma combinação mortal de emissões de queimadas, fábricas e trânsito.
Apesar de anos de iniciativas governamentais, pouco progresso foi feito, e a poluição é responsabilizada por milhares de mortes prematuras anualmente.
No início deste mês, a qualidade do ar piorou drasticamente, após o uso generalizado de fogos de artifício durante o festival hindu de Diwali.
Embora proibições tenham sido impostas em anos anteriores, a fiscalização tem sido fraca devido ao profundo significado religioso dos fogos de artifício para muitos devotos.
Este ano, a Suprema Corte flexibilizou as restrições, permitindo o uso dos chamados fogos de artifício "verdes", projetados para emitir menos poluentes particulados.
Nas festividades de Chhath, fogos de artifício também iluminaram o céu, deixando o ar acre com o cheiro de enxofre queimado.
Os foliões, no entanto, disseram que não estavam preocupados.
"Pelo menos a água está limpa, assim como a margem do rio", disse o trabalhador assalariado Sanjay Prasad.
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