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Auto da Compadecida 2: Poder, fé e recursos naturais no Brasil de hoje - Brasil - OPINIÃO 19/02/2025

  • Foto do escritor: Ana Cunha-Busch
    Ana Cunha-Busch
  • 18 de fev.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 19 de fev.



Material de divulgaçãc com os  2 personagens, um de cada lado de uma porta e a santa no meio

Auto da Compadecida 2: Poder, fé e recursos naturais no Brasil de hoje


O filme Ainda Estou Aqui, estrelado por Fernanda Torres e dirigido por Walter Salles, ganhou destaque internacional ao ser indicado ao Oscar em 2025. O filme tem como objetivo manter o legado deixado pela ditadura vivo na mente do povo brasileiro e é essencial para evitar que novos tempos sombrios se abatam sobre o Brasil.


Enquanto Eu Ainda Estou Aqui retrata o que já foi, um filme que trata do que ainda persiste estreou nos cinemas brasileiros. Auto da Compadecida 2 traz à tona a complexidade das relações de poder no Brasil e o papel dos recursos naturais nessa dinâmica com a leveza e a comicidade que honram a memória de Ariano Suassuna.


A história é uma continuação do Auto da Compadecida, que narrou a morte e a ressurreição de João Grilo (Matheus Nachtergaele), e agora mostra o personagem se tornando um ícone religioso em uma pequena cidade do interior do Brasil, Taperoá, onde a escassez de recursos, tanto financeiros quanto ambientais (principalmente água), impera em um período eleitoral.


Depois de voltar dos mortos, João Grilo se torna uma lenda viva na cidade, adorado pela população local pelo milagre que lhe foi concedido. Sua ascensão social - mas não financeira - faz dele um alvo de interesse dos dois candidatos a prefeito, que tentam associar João Grilo às suas respectivas campanhas, explorando a fé do povo para consolidar seu poder.


Além do óbvio uso da religião e da fé das massas como ferramentas para atingir seus próprios interesses - padrão que se repete historicamente, não apenas no Brasil -, o filme, por meio dos candidatos, retrata dois segmentos com grande poder no contexto brasileiro.


De um lado, Arlindo (Eduardo Sterblitch) detém o monopólio do comércio de eletrodomésticos e da mídia local (rádio), oferecendo crédito à população a juros exorbitantes como forma de demonstrar sua “boa vontade” e angariar votos.


Ao posicionar Arlindo como o proprietário da mídia local, o filme enfatiza a importância da mídia na formação da opinião pública e seu potencial para manipular as massas. Esse é um tópico de grande relevância no atual contexto global, no qual os proprietários das grandes mídias sociais estão relaxando suas diretrizes e regras para tornar as “notícias falsas” mais aceitáveis e estão flertando explicitamente com valores fascistas e nazistas.


Do outro lado, a oposição é representada pelo Coronel Ernani (Humberto Martins), que personifica o poder do agronegócio no Brasil. Por meio desse personagem, vemos como a questão ambiental se torna central no jogo político: o Coronel adquiriu de forma fraudulenta e violenta a propriedade onde está localizado o único poço de água da cidade, tornando-se proprietário de um bem comum que deveria pertencer a todos os cidadãos: a água.


Durante sua campanha política, o Coronel Ernani distribui água para a população como forma de comprar votos, transformando os recursos naturais em moeda de troca, favorecendo aqueles em posição socioeconômica mais privilegiada. Sua figura simboliza a frase “a fome é um projeto de poder”, pois a escassez de recursos essenciais para a sobrevivência torna a população desesperada e “comprável” ao oferecer o mínimo - repito: o mínimo - para que possam sobreviver.


Embora possa parecer uma realidade do passado, a grilagem de terras, o coronelismo, a dominação pelo medo e a privação dos recursos ambientais são problemas extremamente atuais, presentes em vários estados brasileiros. A grilagem de terras, a invasão de terras indígenas e outras formas de manipulação da posse e propriedade de territórios, com o objetivo de controlar os recursos naturais locais, são práticas tão atuais quanto as retratadas no filme, com adeptos em diversas esferas sociais, compondo o jogo político.


Por fim, ao ver João Grilo ascender socialmente e se tornar uma terceira opção, o Coronel Ernani e Arlindo unem forças para derrubá-lo, simbolizando a falta de lados quando interesses políticos e econômicos estão em jogo.


Auto da Compadecida 2 é um filme extremamente relevante no contexto brasileiro e mundial, capaz de nos fazer rir e refletir ao mesmo tempo. Com leveza e delicadeza, a obra faz uma crítica contundente e revela a complexidade das questões políticas do Brasil e como essas questões estão interligadas às questões ambientais.


Texto desenvolvido inspirado no conteúdo de Spartakus Santiago (@spartakus)




ODS 6 - Água potável e saneamento

ODS 10 - Reduzir as desigualdades

ODS 16 - Paz, justiça e instituições fortes

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