China e UE mantêm-se firmes no acordo sobre emissões marítimas, apesar das ameaças dos EUA.
- Ana Cunha-Busch
- 16 de out.
- 3 min de leitura

Por AFP - Agence France Presse
China e UE mantêm-se firmes no acordo sobre emissões marítimas, apesar das ameaças dos EUA.
China, União Europeia e vários outros membros da Organização Marítima Internacional (OMI) reafirmaram seu apoio na terça-feira a planos ambiciosos para reduzir as emissões marítimas, apesar das ameaças dos EUA.
Inicialmente aprovada em abril, a OMI, sediada em Londres, deve votar na sexta-feira a adoção formal do Net Zero Framework (NZF), o primeiro sistema global de precificação de carbono.
No entanto, a ameaça de Washington de impor sanções aos que o apoiam lançou dúvidas sobre o futuro do framework, justamente no início da cúpula onde ele deve ser adotado.
O primeiro dia da cúpula, na terça-feira, foi marcado por atritos entre os membros que apoiam o NZF e os que se opõem a ele.
O framework exigiria que os navios reduzissem progressivamente as emissões de carbono a partir de 2028, sob pena de sofrerem penalidades financeiras.
Na semana passada, os Estados Unidos ameaçaram os países que votassem a favor do quadro com sanções, restrições de vistos e taxas portuárias, chamando a proposta de "imposto global de carbono sobre o mundo".
Mas vários países, incluindo Grã-Bretanha, Brasil, China e União Europeia, reafirmaram seu compromisso durante a reunião de terça-feira da OMI, que reúne 176 nações.
"Acreditamos que chegar a um consenso sobre a implementação global (do quadro) é essencial", disse um representante da China aos membros.
- Oposição dos produtores de petróleo -
Para ser adotado, o quadro precisa do apoio de dois terços dos membros atuais e votantes da OMI, que são signatários da chamada convenção antipoluição MARPOL.
A convenção tem 108 membros.
A maioria dos membros — 63 estados — que votaram a favor do NZF em abril devem manter seu apoio na sexta-feira.
O plano cobraria dos navios por emissões que excedessem um determinado limite, com os recursos utilizados para recompensar embarcações de baixa emissão e apoiar países vulneráveis às mudanças climáticas.
Vários grandes produtores de petróleo — Arábia Saudita, Rússia e Emirados Árabes Unidos — votaram contra a medida e devem fazê-lo novamente esta semana, argumentando que ela prejudicaria a economia e a segurança alimentar.
Os Estados insulares do Pacífico, que se abstiveram na votação inicial devido a preocupações de que a proposta não fosse ambiciosa o suficiente, agora devem apoiá-la.
Os Estados Unidos se retiraram das negociações da OMI em abril e não comentaram a proposta até a semana passada.
As ameaças dos EUA podem afetar "países mais sensíveis à influência americana e vulneráveis a essas retaliações", disse uma fonte europeia à AFP.
"Continuamos otimistas com o resultado, mas provavelmente será mais rigoroso do que antes, com maior risco de abstenção", acrescentou a fonte.
Países altamente dependentes da indústria marítima, como as Filipinas e as ilhas do Caribe, seriam particularmente afetados pelas restrições e sanções de visto dos EUA.
Contatado pela AFP, o secretário-geral da OMI, Arsenio Dominguez, recusou-se a responder diretamente à declaração dos EUA, afirmando estar "muito confiante" na votação do NZF.
Se o sistema global de precificação de emissões fosse adotado, seria difícil evitá-lo, mesmo para os Estados Unidos.
As convenções da OMI permitem que os signatários inspecionem navios estrangeiros durante escalas e até mesmo detenham embarcações não conformes.
Desde que retornou ao poder em janeiro, o presidente dos EUA, Donald Trump, reverteu o curso de Washington sobre as mudanças climáticas, denunciando-as como uma "fraude" e incentivando o uso de combustíveis fósseis por meio da desregulamentação.
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