Desigualdade Social: O ponto chave da questão 14/01/2024
- 14 de jan. de 2024
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Atualizado: 17 de jan. de 2024

O Brasil é um dos países com mais altos índices de desigualdades sociais em decorrência de um regime escravocrata, que perdurou por mais de 350 anos de escravidão nas três Américas, carregando consigo a vergonha de não ter oportunizado, após o processo da abolição de 1888, o direito à terra, o direito à renda, o direito ao trabalho, o direito à saúde, o direito à dignidade e até mesmo o direito à vida. Causando desta forma, um país extremamente desigual, injusto e eugenista, que se quer, a população negra neste período tem ideia de liberdade e ser livre.
Hoje somos uma população que invisivelmente chega à casa dos 33 milhões de brasileiros, que miseramente padece de fome, isso é um retrato da extrema burguesia elitizada que ao longo da sua trajetória, tem acumulado mais e mais riquezas. Desta forma, as desigualdades entre os povos negros, mulheres, juventude, indígenas, povos tradicionais e LGBTQIA+ só tendem a aumentar cada vez mais.
Essas histórias, e as narrativas, ainda são muito entristecedoras diante de uma das nações que mais exporta carne bovina no mundo, e detém um acervo de biodiversidade que erroneamente não alimenta e nem educa o seu povo a plantar, cultivar e colher.
Eu, desde criança, que escuto histórias que o mundo é um lugar igual para todas as pessoas. Mas, não entedia quando ia para escola sem nenhum atrativo, não disponha de calçados, fardamento. Sem contar que ao chegar na fila da escola teria que cantar o hino nacional sob pressão e choques dos professores para entender que verá que o filho teu não foge à luta (trechos do Hino Nacional Brasileiro). Mas, sentíamos com escassez da falta de alimentos em casa e no próprio espaço educacional. Tem um ditado nosso que diz: saco vazio não fica de pé. Imagine para entender e compreender o processo educacional, ou seja, éramos na verdade induzidos a sermos uns verdadeiros analfabetos funcionais neste processo.
Sendo que, não havendo nem uma mudança neste contexto sombrio e desigual, surgiram na década de 1976, no Brasil, ano em que nasci, especificamente no Nordeste brasileiro na Cidade de Pombal, Sertão Paraibano, um casal de alemães e uma brasileira chamada Margarida Pereira da Silva que desenvolveram um trabalho assistencial, voltado para pessoas mais pobres.
Daí, nasce, um embrião que começa a dar certo através de um projeto comunitário e sustentável existente até os dias atuais, que podemos dizer, que é uma ação sem fronteiras entre a Alemanha e o Brasil, e torna possível a concretização dos trabalhos realizados surtindo efeitos para a redução das desigualdades, a partir da integração e da troca de saberes das relações parceiras, comprometidos com as questões sociais.
Este trabalho tem tido uma visão partilhada numa perspectiva para pensar um modelo de sociedade que seja mais justa, fraterna e humana.
Os frutos dessas ações foram: redução da desnutrição, alfabetização de crianças, dignidades para as famílias e dando muitas ênfases aos cuidados e proteção deste público.
Sendo desta forma lapidados e higienizando as feridas abertas do descaso político e social que existia com as mães e seus filhos na época.
Neste novo olhar sobre as desigualdades sociais no Brasil Margarida Pereira da Silva e as pessoas da Alemanha da cidade Hochheim criam em 1976 a creche Pequeno Príncipe.
O CEMAR foi fundado em 1986. sendo fruto do sonho de Margarida Pereira da Silva, mulher pobre, negra, trabalhadora rural, abandonada pelo pai, que se tornou professora, educadora social, um símbolo na cidade de Pombal e Região, e por essas iniciativas ela foi escolhida para receber o Prêmio Gente que Faz do banco Bamerindus com repercussão Nacional.
Margarida morreu aos 50 anos, em 05/10/2000, sendo hoje homenageada com seu nome em escolas, creches e na organização que ela fundou.
A parceria do CEMAR com a AKTIONSGRUPPE/Alemanha é antiga, desde os anos de 1976, começando com a visita de dois voluntários alemães, Gerti e Heribert Schlosser, em Pombal, na Paraíba que idealizaram juntamente com Margarida Pereira da Silva, a Creche Pequeno Príncipe e Posteriormente o Centro de Educação Integral “Margarida Pereira da Silva (CEMAR).
Essa parceria, existe até os dias atuais, com doações anuais, fruto da contribuição de pessoas comprometidas na Alemanha, da Paróquia de Hochheim, durante aniversários, jubileus e concertos. De lá para cá, a AKTIONSGRUPPE tornou-se o principal doador, mantenedor da ONG, ajudando a transformar vidas, trazendo inclusão social, cidadania a mais de 7 mil crianças, adolescentes e jovens anualmente.
Escrevo esse texto, para reafirmar que esse trabalho modificou a minha vida e de centenas de pessoas que tiveram a oportunidade de ser assistidas e acompanhadas, recebendo carinho, amor e afeto, o que raramente é praticado pela humanidade nos dias atuais, e que ao invés disso propagam ódio, discriminação, e o distanciamento das relações entres os seres humanos.
Seus efeitos são sustentáveis no tempo. Por exemplo, grande parte da diretoria da entidade foi sua beneficiária direta, durante muitos anos, e hoje, são assistentes sociais, historiadores, professores, educadores em Artes, empresários. Muitos dos conselheiros tutelares da cidade e a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, conselheiros estaduais, servidores de repartições públicas etc. Crianças, adolescentes e jovens passam a ficar menos tempo na rua, a se dedicar mais aos estudos, a se integrar mais à família, a ficar menos vulnerável ao consumo e ao tráfico de drogas, passam a se preparar para o mundo do trabalho, tornam-se mais autônomos e conscientes de seus direitos e deveres como cidadão.
A realização desse projeto foi de extrema relevância para a redução das desigualdades sociais em nossa região.
Nesse cenário cruel e desumano brasileiro, de exclusão, concentração de renda e desigualdade social, com alto índice de desemprego, sobretudo para os jovens, onde o tráfico e consumo de drogas ameaçam e seduzem a juventude, onde a violência vem dizimando sonhos e famílias, pode-se afirmar que o CEMAR realiza um trabalho de impacto social relevante, efetivo, transformador, em Pombal, com crianças, adolescentes, jovens e famílias.
Por José Ribeiro da Silva





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