Gelo marinho da Antártida atinge seu terceiro menor pico de inverno já registrado. 01/10/2025
- Ana Cunha-Busch
- 30 de set.
- 2 min de leitura
Por AFP - Agence France Presse
Gelo marinho da Antártida atinge seu terceiro menor pico de inverno já registrado
Issam AHMED
O gelo marinho de inverno da Antártida atingiu seu terceiro menor pico em quase meio século de monitoramento por satélite, disseram pesquisadores na terça-feira, destacando a crescente influência das mudanças climáticas no polo sul do planeta.
A cada ano, durante o inverno do Hemisfério Sul, o oceano ao redor da Antártida congela centenas de quilômetros além do continente, com o máximo geralmente observado em setembro ou outubro, antes do início do ciclo de degelo.
Este ano, o gelo parece ter atingido o pico em 17 de setembro, com 17,81 milhões de quilômetros quadrados (6,88 milhões de milhas quadradas), de acordo com dados preliminares do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos EUA, na Universidade do Colorado em Boulder.
O máximo de 2025 é o terceiro mais baixo no registro de 47 anos, atrás da mínima histórica de 2023 e da segunda menor de 2024 — mas ainda bem abaixo do normal histórico.
O pesquisador sênior Ted Scambos, da CU Boulder, disse à AFP que, até 2016, as medições do gelo marinho da Antártida mostravam "um aumento irregular, mas leve, ao longo do tempo".
Mas "o que parece estar acontecendo é que o calor do oceano global agora está se misturando à água mais próxima da Antártida" — o que significa que as mudanças climáticas finalmente alcançaram os mares congelados do continente sul.
O gelo marinho flutuante não aumenta o nível do mar quando derrete.
Mas seu recuo substitui as superfícies brancas que refletem quase toda a energia do Sol de volta para o espaço por água azul-escura, que absorve a mesma quantidade.
O gelo marinho também atua como um tampão estabilizador — protegendo a camada de gelo da Antártida de entrar no oceano e amplificando a elevação do nível do mar, reduzindo o impacto das ondas antes que elas atinjam a costa e atenuando o efeito dos ventos sobre o oceano.
Por outro lado, também desencadeia um efeito concorrente.
"Podemos ver mais neve na Antártida, porque o ar úmido sobre o oceano estaria mais próximo da costa... tempestades que chegam sobre a camada de gelo carregariam mais umidade e, portanto, produziriam mais neve sobre o continente, e isso compensa a elevação do nível do mar", disse Scambos.
Ele acrescentou, no entanto, que, embora o aumento da queda de neve possa compensar os efeitos de desestabilização por décadas, em escalas de tempo mais longas, registros anteriores mostram que, quando o clima permanece mais quente, a camada de gelo encolhe.
A camada de gelo da Antártida contém gelo terrestre suficiente para elevar os mares a ponto de inundar as costas baixas em todo o mundo, embora um impacto tão catastrófico provavelmente se desenvolva ao longo de séculos.
Noventa por cento do calor gerado pelo aquecimento global causado pelo homem é absorvido pelos oceanos.
ia/sla
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