Importações de madeira da UE ligadas ao desmatamento em Bornéu, na Indonésia: ONGs 21/10/2025
- Ana Cunha-Busch
- 20 de out.
- 2 min de leitura
Por AFP - Agence France Presse
Importações de madeira da UE ligadas ao desmatamento em Bornéu, na Indonésia: ONGs
As importações de madeira por empresas que operam na União Europeia podem ser rastreadas até a exploração madeireira na ilha de Bornéu, na Indonésia, mostrou um novo relatório publicado na terça-feira, com ONGs pedindo que o bloco pare de adiar a proibição de produtos ligados ao desmatamento.
A UE anunciou no mês passado que buscará um novo adiamento de um ano das abrangentes regras antidesmatamento conhecidas como Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR), legislação que foi aplaudida por grupos ambientalistas, mas criticada por parceiros comerciais, incluindo os Estados Unidos e a Indonésia.
O relatório, publicado pela Earthsight e pela Auriga Nusantara, rastreou os maiores compradores indonésios de madeira desmatada em Bornéu, mostrando que todos eles enviam para clientes na Europa com alto risco de que tais importações sejam provenientes do desmatamento.
"Este relatório demonstra por que a EUDR é urgentemente necessária no setor madeireiro europeu: para garantir que os compradores possam ter certeza da origem de sua madeira; para interromper o fluxo de madeira proveniente de desmatamento para a Europa; e para pôr fim à cumplicidade europeia na destruição de florestas tropicais", afirmaram as ONGs.
"Também serve como um apelo urgente à ação para qualquer empresa que importe produtos de madeira da Indonésia para a UE: essas empresas devem examinar cuidadosamente suas cadeias de suprimentos e eliminar o risco de que suas importações possam ser contaminadas por madeira proveniente de desmatamento."
Os clientes europeus de empresas indonésias que processam madeira desmatada eram principalmente empresas holandesas, belgas e alemãs, que fizeram encomendas de mais de 23.000 metros cúbicos de produtos de madeira, como decks de jardim e compensados acabados, da Indonésia em 2024.
As empresas citadas no relatório — Dekker Hout, International Plywood BV, Seiton BV, Kurz KG, Fepco International e Impan GmbH — não responderam aos pedidos de comentários da AFP.
A Indonésia tem uma das maiores taxas de desmatamento do mundo, ligada à mineração, agricultura e exploração madeireira, e é acusada de permitir que empresas operem em Bornéu com pouca supervisão.
A ilha de Bornéu possui uma das maiores extensões de floresta tropical do mundo e abriga orangotangos, macacos-de-nariz-longo, leopardos-nebulosos, macacos-de-rabo-de-porco, morcegos-raposa-voadora e os menores rinocerontes do planeta.
Grupos ambientalistas reagiram com indignação à perspectiva de adiamento do projeto de lei da UE, que proibiria a importação de produtos que impulsionam o desmatamento a partir do final de 2025.
Mas a Comissão Europeia afirmou que a infraestrutura logística para a implementação da lei — que já foi adiada por um ano — ainda não estava pronta.
jfx/lb
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