Inação climática causa 'milhões' de mortes evitáveis: Estudo 29/10/2025
- Ana Cunha-Busch
- 28 de out.
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Por AFP - Agence France Presse
Inação climática causa 'milhões' de mortes evitáveis: Estudo
As mudanças climáticas estão devastando a saúde das pessoas em todo o mundo e as falhas nas políticas públicas estão levando a "milhões" de mortes evitáveis a cada ano, afirmou uma equipe internacional de especialistas nesta quarta-feira.
As oportunidades para uma transição climática "justa" ainda existem, mas permanecem "em grande parte inexploradas", de acordo com o estudo anual Countdown, da revista Lancet, que monitora os impactos das mudanças climáticas na saúde.
O relatório apresentou números sobre algumas das consequências mais mortais: 546.000 pessoas morreram a cada ano entre 2012 e 2021 devido à exposição ao calor, um aumento expressivo em relação aos números da década de 1990; e os gases tóxicos de incêndios florestais mataram um número recorde de 154.000 pessoas no ano passado.
O relatório da revista de saúde, divulgado pouco antes da COP30 da ONU, conferência sobre mudanças climáticas no Brasil, defendeu maiores investimentos em energia com zero emissão de carbono e infraestrutura resiliente às mudanças climáticas, além de um melhor planejamento para os desafios de saúde.
Os autores criticaram duramente a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de retirar seu país de programas internacionais de ajuda e iniciativas climáticas — políticas que foram posteriormente adotadas por outros países.
"Reverter essas políticas prejudiciais e avançar com ações significativas contra as mudanças climáticas é crucial agora para proteger a saúde e a sobrevivência das pessoas", afirmou o relatório.
Com as temperaturas globais em 2024 atingindo os níveis mais altos já registrados, ultrapassando 1,5°C em relação ao período pré-industrial pela primeira vez, os especialistas listaram as inúmeras ameaças à saúde decorrentes de ondas de calor, secas, chuvas intensas e outros fenômenos climáticos.
"As mudanças climáticas estão desestabilizando cada vez mais os sistemas planetários e as condições ambientais das quais a vida humana depende", afirmou o estudo.
A poluição do ar relacionada aos combustíveis fósseis causou mais de 2,5 milhões de mortes somente em 2022, disseram os autores, criticando duramente a prática de subsidiar esses combustíveis.
Os governos destinaram mais de US$ 950 bilhões em subsídios para combustíveis fósseis em 2023, segundo o relatório, que destacou seis países como os maiores infratores: Rússia, Irã, Japão, Alemanha, Arábia Saudita e China.
O valor foi inferior ao recorde de US$ 1,4 trilhão registrado em 2022, quando os governos europeus, em particular, se esforçaram para controlar os custos de energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, que contribuiu para a alta dos preços.
De maneira mais geral, os autores acusaram corporações, "tomadores de decisão importantes" e líderes mundiais de "retrocederem" em seus compromissos climáticos, elogiando atores locais e grupos comunitários por preencherem o vácuo de liderança.
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