Meta global para acabar com o desmatamento está longe de ser alcançada: especialistas. 15/10/2025
- Ana Cunha-Busch
- 14 de out.
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Por AFP - Agence France Presse
Meta global para acabar com o desmatamento está longe de ser alcançada: especialistas.
O desmatamento "não diminuiu significativamente", apesar do compromisso global de interromper a destruição da floresta, mas a cúpula climática da ONU no próximo mês na Amazônia pode marcar um ponto de virada, disseram especialistas na terça-feira.
No ano passado, uma área de florestas do mundo maior que a Escócia foi desmatada principalmente para dar lugar à agricultura, de acordo com uma avaliação anual de desmatamento realizada por uma ampla coalizão global de pesquisadores e ativistas.
As florestas tropicais primárias — particularmente ambientes ricos em carbono e ecologicamente biodiversos — foram as mais afetadas, com 6,7 milhões de hectares (16,6 milhões de acres) perdidos em 2024.
O relatório também destacou níveis persistentes, porém negligenciados, de degradação florestal, onde a terra é danificada, mas não totalmente devastada, principalmente devido à exploração madeireira, construção de estradas e queimadas.
As taxas de desmatamento permanecem teimosamente altas, apesar do compromisso assumido por mais de 140 líderes na cúpula da COP da ONU em 2021 de erradicá-lo até o final da década.
"O desmatamento não diminuiu significativamente desde o início da década, e já estamos na metade do caminho", disse Erin Matson, especialista do think tank Climate Focus e coautora da última avaliação, aos repórteres.
"Todos os anos, estamos perdendo esse nível de florestas."
O desmatamento global em 2024 ficou 3,1 milhões de hectares acima do nível máximo possível para se alinhar ao cumprimento da meta de 2030, segundo o relatório.
Globalmente, o desmatamento é impulsionado, em grande parte, pela expansão da agricultura permanente, que foi responsável por 85% de toda a perda florestal na última década.
"Mas outro fator importante e crescente é a mineração e a extração de ouro, carvão e, cada vez mais, dos metais e minerais necessários para a transição para as energias renováveis", disse Matson.
Matson disse estar cautelosamente otimista de que a causa possa ser retomada na COP30, no próximo mês, no Brasil, a primeira vez que a conferência climática anual da ONU será realizada na região amazônica.
"Esta é a COP da floresta. Acredito que há muitas oportunidades aí", disse ela.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu Belém, a porta de entrada para a Amazônia, como sede das negociações climáticas mais importantes do mundo, para destacar o papel das florestas na absorção de dióxido de carbono.
Na COP30, o Brasil lançará um novo fundo inovador que recompensa países com alta cobertura florestal tropical — principalmente nações em desenvolvimento na Ásia, África e América Latina — que protegem as árvores em vez de derrubá-las.
O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) visa arrecadar até US$ 25 bilhões de países doadores e outros US$ 100 bilhões do setor privado, que são investidos nos mercados financeiros. O Brasil já aportou US$ 1 bilhão.
"O que há de novo nesta iniciativa... é a escala, a simplicidade, a visão de longo prazo e a liderança do Sul Global", disse Elisabeth Hoch, líder de portfólio internacional do think tank Climate and Company.
"Do ponto de vista político, a iniciativa tem muito valor, mas ainda não atingiu um estágio de maturidade suficiente para ser totalmente lançada", disse uma fonte do governo francês na sexta-feira.
Matson disse que "coragem política" era necessária na COP30 para corrigir o curso e colocar a luta pelas florestas de volta na agenda global.
"Olhando para o panorama global do desmatamento, ele é sombrio, mas podemos estar na escuridão antes do amanhecer", disse ela.
jmi-np/jxb





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