ONU afirma que a saúde dos trabalhadores é "severamente afetada" pelo aumento do calor 23/08/2025
- Ana Cunha-Busch
- 22 de ago.
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Por AFP - Agence France Presse
ONU afirma que a saúde dos trabalhadores é "severamente afetada" pelo aumento do calor
Por Robin MILLARD
O aumento das temperaturas globais está tendo um impacto cada vez pior na saúde e na produtividade dos trabalhadores, afirmou a Organização das Nações Unidas na sexta-feira, pedindo medidas imediatas para combater os perigos do estresse térmico.
O calor extremo está representando desafios crescentes no local de trabalho, afirmaram as agências de saúde e clima da ONU, ao emitir orientações para governos, empregadores e autoridades de saúde mitigarem os riscos.
"Ações imediatas são necessárias para lidar com o impacto cada vez maior do estresse térmico sobre os trabalhadores em todo o mundo", disseram.
Muitos trabalhadores são regularmente expostos a condições perigosas de calor, afirmaram a Organização Mundial da Saúde e a Organização Meteorológica Mundial.
Mas a OMS e a OMM disseram que a frequência e a intensidade desses eventos de calor extremo aumentaram drasticamente, aumentando os riscos tanto para os trabalhadores que trabalham em ambientes fechados quanto para os que trabalham ao ar livre.
Trabalhadores manuais em setores como agricultura, construção e pesca são particularmente afetados, afirmaram em um relatório.
As agências afirmaram que a produtividade dos trabalhadores caiu de dois a três por cento para cada grau acima de 20 °C.
Os riscos à saúde relacionados incluem insolação, desidratação, disfunção renal e distúrbios neurológicos.
"O estresse térmico ocupacional tornou-se um desafio social global, que não se limita mais aos países localizados próximos ao Equador", disse o Secretário-Geral Adjunto da OMM, Ko Barrett.
"A proteção dos trabalhadores contra o calor extremo não é apenas um imperativo de saúde, mas uma necessidade econômica."
As agências solicitaram planos de ação para o calor ocupacional, adaptados a setores e regiões específicos.
A orientação baseou-se em conclusões da Organização Internacional do Trabalho (OIT) da ONU, destacando que mais de 2,4 bilhões de trabalhadores estão expostos ao calor excessivo em todo o mundo — 71% da população ativa mundial.
Isso resulta em mais de 22,85 milhões de lesões ocupacionais a cada ano e quase 19.000 mortes.
"Investir em estratégias eficazes, preventivas e de proteção economizaria vários bilhões de dólares ao mundo todos os anos", disse Joaquim Pintado Nunes, chefe de segurança e saúde ocupacional e meio ambiente de trabalho da OIT.
"Sem uma ação ousada e coordenada, o estresse térmico se tornará um dos riscos ocupacionais mais devastadores da atualidade, levando a uma perda significativa de vidas e produtividade."
A orientação recomendava um foco nos trabalhadores de meia-idade e mais velhos, e naqueles com condições crônicas de saúde ou menor aptidão física, que seriam mais suscetíveis ao estresse térmico.
Afirmava que trabalhadores, sindicatos, especialistas em saúde e autoridades locais deveriam trabalhar juntos para elaborar estratégias de saúde relacionadas ao calor que seriam amplamente apoiadas.
Afirmava que os sintomas de estresse térmico eram frequentemente diagnosticados incorretamente, com as pessoas não reconhecendo os sinais.
O último relatório técnico e orientação da OMS sobre estresse térmico no local de trabalho data de 1969, "quando o mundo parecia muito diferente em termos de mudanças climáticas", disse Ruediger Krech, chefe de meio ambiente da OMS.
"O que mudou foi a gravidade", disse ele, com cada um dos últimos 10 anos estando entre os 10 mais quentes já registrados.
O Diretor Sênior da Divisão de Serviços da OMM, Johan Stander, acrescentou: "Devemos encarar o futuro do calor extremo. É uma realidade para muitos: uma questão de adaptação ou morte."
rjm/phz





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