Publicado o livro do jornalista britânico assassinado sobre a salvação da Amazônia 06/06/2025
- Ana Cunha-Busch
- 5 de jun.
- 3 min de leitura

Por AFP - Agence France Presse
Publicado o livro do jornalista britânico assassinado sobre a salvação da Amazônia
Por Pablo San Roman
Três anos após o assassinato do jornalista britânico Dom Phillips, sua viúva e colegas publicaram o livro em que ele estava trabalhando para expor a destruição ilegal da Amazônia e buscar soluções para salvar a floresta tropical.
“Penso nele todos os dias”, disse à AFP sua viúva, Alessandra Sampaio, sobre o marido, que foi morto a tiros na Amazônia em 5 de junho de 2022, junto com o ativista dos direitos indígenas Bruno Pereira.
Ela estava em Londres para o lançamento mundial do livro “How to Save the Amazon”, que Phillips, um freelancer do The Guardian e do Washington Post, estava pesquisando quando foi morto.
Os assassinatos duplos provocaram um clamor internacional e chamaram a atenção para a ilegalidade que alimenta a destruição da maior floresta tropical do mundo.
A polícia federal brasileira concluiu que os homens foram mortos porque Pereira estava monitorando a caça ilegal e outras atividades ilegais em uma região remota da Amazônia.
Três anos após os assassinatos, um promotor do estado do Amazonas indiciou o suspeito de ser o mandante do crime, informou o Ministério Público Estadual em um comunicado na quinta-feira. Até o momento, vários suspeitos foram acusados pelos assassinatos.
Phillips, que havia feito uma pausa no jornalismo para escrever seu livro, estava tentando dar o alarme sobre os danos ambientais e as atividades ilegais que assolam a região.
“Ele morreu tentando mostrar ao mundo a importância da Amazônia”, disse Sampaio.
Pereira era um ex-funcionário sênior da agência de assuntos indígenas do Brasil e desapareceu junto com Phillips enquanto viajavam por uma reserva indígena remota, perto das fronteiras da Colômbia e do Peru.
Seus corpos esquartejados foram encontrados e identificados dias depois, após um suposto cúmplice confessar que os enterrou.
Phillips, 57 anos, levou um tiro no peito, enquanto Pereira, 41 anos, sofreu três ferimentos a bala, um deles na cabeça.
Eles foram mortos no noroeste do Vale do Javari, onde atuam traficantes de drogas, pescadores e caçadores ilegais e garimpeiros.
"Era a penúltima viagem dele. Faltava mais uma, e ele teria terminado o livro", disse Sampaio, acrescentando que Phillips já havia escrito os primeiros quatro capítulos.
Após sua morte, sua viúva passou meses reunindo seus extensos escritos, diários e resmas de anotações.
“Ele tinha dois ou três cadernos de cada viagem, com datas, lugares, explicando tudo”, disse ela. Mas ela confessou que, às vezes, tinha que parar porque ficava “muito emocionada”.
Cada novo capítulo foi escrito por um grupo de seis jornalistas e escritores: Os britânicos Jonathan Watts e Tom Phillips; os americanos Andrew Fishman, Stuart Grudgings e Jon Lee Anderson; e a brasileira Eliane Brum.
O livro é “dedicado a todos que lutam para proteger a floresta tropical”.
Todos eles viajaram para a região e entrevistaram novas pessoas que seguiram a trilha de Phillips em uma tentativa de completar fielmente seu manuscrito.
O posfácio foi escrito por Beto Marubo, líder do povo indígena Marubo, com a ativista e escritora amazonense Helena Palmquist.
Sampaio, que vive na região de Salvador da Bahia, prestou homenagem aos “amigos leais” que ajudaram a concluir o livro, que, segundo ela, também é uma homenagem ao ativista Pereira.
"Não tem como separar Dom e Bruno. Eles estão lá juntos. É uma mensagem para que todos entendam a importância da Amazônia e de seu povo", disse ela.
Watts, redator de meio ambiente global do The Guardian, disse: “É mais do que um tributo a Dom, é o livro de Dom”.
“Nesse processo, estou sempre imaginando o que Dom pensaria, mas é minha imaginação”, acrescentou.
“Estou triste por Dom não estar aqui para vê-lo, mas estou muito feliz por estarmos aqui.”
Os assassinatos chamaram a atenção para um canto do planeta há muito ameaçado e alimentaram as críticas às políticas do ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, acusado de incentivar o saque da floresta tropical.
O livro, lançado simultaneamente na Grã-Bretanha, no Brasil e nos Estados Unidos, termina com um apelo de Marubo por mais pessoas como Phillips e Pereira, que, segundo ele, queriam “realmente ajudar” a salvar a Amazônia.
"Eles foram corajosos e agiram. Se todos fizessem o mesmo, poderíamos começar a ver mudanças", escreve Marubo.
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