Brasil autoriza perfuração de petróleo na sensível região amazônica. 20/10/2025
- Ana Cunha-Busch
- há 5 dias
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Por AFP - Agence France Presse
Brasil autoriza perfuração de petróleo na sensível região amazônica
Por Fran BLANDY
A Petrobras anunciou na segunda-feira que tem permissão para perfurar petróleo perto da foz do Rio Amazonas, lançando uma sombra sobre as ambições verdes do país enquanto se prepara para sediar as negociações climáticas da ONU.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido criticado por conservacionistas que argumentam que seus planos de expansão do petróleo conflitam com sua imagem de líder global em mudanças climáticas.
O Brasil sediará as negociações climáticas da COP30 na cidade de Belém, no Amazonas, no próximo mês.
A Petrobras informou que as perfurações na região da Foz do Amazonas começarão imediatamente e durarão cinco meses, após cinco anos de batalha para obter permissão para explorar a área.
"A Petrobras atendeu a todos os requisitos estabelecidos pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), cumprindo integralmente o processo de licenciamento ambiental", afirmou a gigante petrolífera em comunicado enviado à AFP.
"Esperamos obter excelentes resultados com esta pesquisa e comprovar a existência de petróleo na porção brasileira desta nova fronteira energética global", disse Magda Chambriard, presidente da Petrobras.
A empresa perfurará um poço exploratório em um local offshore localizado a 500 quilômetros da foz do Rio Amazonas, a uma profundidade de mais de 2.800 metros.
A perfuração do Bloco 59 — que fica a 160 quilômetros da costa — tem sido um projeto apaixonante para Lula, que insiste que as receitas do petróleo ajudarão a financiar a transição climática do Brasil.
Ambientalistas alertaram sobre a perfuração em busca de petróleo na costa da maior floresta tropical do mundo, uma área de biodiversidade que abriga diversas comunidades indígenas.
A ONG Observatório do Clima do Brasil afirmou que organizações da sociedade civil recorrerão à Justiça para contestar a decisão, com base em "ilegalidades e falhas técnicas" no processo de licenciamento.
"A aprovação sabota a COP e contraria o papel de liderança climática reivindicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cenário internacional", afirmou o Observatório do Clima.
"A decisão é desastrosa do ponto de vista ambiental, climático e da sociobiodiversidade."
A Foz do Amazonas faz parte de uma nova e promissora fronteira petrolífera offshore, com a vizinha Guiana emergindo como uma grande produtora de petróleo em menos de uma década, após grandes descobertas offshore.
O Ibama negou à Petrobras uma licença de exploração em 2023, alegando planos inadequados para proteger a vida selvagem em caso de vazamento de óleo.
Com o recurso da Petrobras, a pressão aumentou por parte de Lula, que afirmou no início deste ano que o Ibama era uma agência governamental agindo como se fosse "contra o governo".
Em fevereiro, um parecer assinado por 29 técnicos do Ibama e visto pela AFP afirmava que a recomendação permanecia de "negar a licença ambiental", destacando o risco de "perda maciça de biodiversidade em um ecossistema marinho altamente sensível".
No entanto, em maio, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, anulou o parecer e permitiu que a Petrobras prosseguisse com um exercício de resposta a um acidente com vazamento de óleo, considerado a última etapa antes da concessão da licença.
Em setembro, o Ibama aprovou a avaliação ambiental pré-operacional, apesar de a Petrobras não ter demonstrado que pode "proteger a fauna de forma confiável em caso de vazamento de óleo".
O Ibama afirmou que uma nova simulação de fauna seria realizada "após a emissão da licença".
A equipe técnica do Ibama observou em fevereiro que as condições de perfuração eram muito desafiadoras na bacia da Foz do Amazonas, propensa a tempestades intensas e fortes correntes oceânicas.
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