O apelo de uma mãe pelo futuro do planeta - Opinião 19/05/2025
- Ana Cunha-Busch
- 19 de mai.
- 2 min de leitura

O apelo de uma mãe pelo futuro do planeta - Opinião
Ser mãe muda tudo.
Muda o ritmo, muda o corpo, muda os medos e, sobretudo, muda a forma como se olha o mundo.
Antes da Luna, eu já me preocupava profundamente com as injustiças climáticas. Já dedicava meus dias, minha energia e minha esperança ao desenvolvimento de soluções para que mais pessoas pudessem ter acesso a água potável, dignidade e um ambiente saudável onde viver. Eu empreendia com propósito, com o coração pulsando por um planeta mais justo.
Mas depois que ela nasceu, algo virou uma chave dentro de mim. A luta deixou de ser apenas pelo presente e pelas comunidades que hoje enfrentam os impactos mais severos da crise climática. Passou a ser também - e talvez, agora, sobretudo - por aquilo que ainda está por vir. Por ela. Por Luna. Por todas as crianças que estão crescendo num mundo que, se não mudar radicalmente, pode não lhes oferecer a chance de viver com o mínimo: ar respirável, água limpa, comida segura, abrigo estável.
Ser mãe num planeta em colapso não é só difícil. É angustiante. É fazer planos com o peito apertado, é sonhar com um futuro para ela enquanto notícias sobre desastres, seca, enchentes e calor extremo se acumulam na palma da minha mão. É desejar que ela viva a liberdade de correr descalça na terra molhada, brincar na chuva sem medo, e beber água sem que isso seja um privilégio.
O tempo da dúvida já passou. O tempo da espera também.
O colapso climático não é uma possibilidade distante, ele é um presente desigual e cruel, que atinge primeiro os mais vulneráveis e ameaça o amanhã de todos.
E é por isso que eu não posso, não consigo e não quero parar. Cada projeto que idealizei, cada parceria que construo, cada voz que tento ecoar nas mesas de decisão, tudo isso carrega o peso e o amor de quem quer garantir que o futuro não seja apenas uma ideia bonita, mas uma realidade possível.
Lutar por justiça climática é, pra mim, um ato de amor materno.É como embalar o mundo no colo, tentando cuidar das feridas abertas por anos de descaso e omissão.É resistir, mesmo cansada. É cuidar, mesmo com medo. É insistir, mesmo diante da indiferença.
Sei que Luna vai crescer me vendo trabalhar. Vai me ver preocupada, emocionada, muitas vezes indignada. Mas também espero que ela me veja esperançosa. E entenda que o que me move - o que sempre me moveu - foi o desejo de deixar pra ela e pra todas as crianças um planeta que mereça ser habitado.
Este é o apelo de uma mãe.
Não por caridade, mas por responsabilidade.
Não por vaidade, mas por urgência.
Não por mim, mas por ela.
E por todos nós.
Com gratidão, 🌿🌍
Anna Luisa Beserra
Fundadora, Sustainable Development & Water For All





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