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Biópsias em ursos polares para esclarecer a poluição no Ártico 19/05/2025

  • Foto do escritor: Ana Cunha-Busch
    Ana Cunha-Busch
  • 18 de mai.
  • 4 min de leitura

O veterinário Rolf Arne Olberg verifica se um urso polar está devidamente sedado (Olivier MORIN) (Olivier MORIN/AFP/AFP)
O veterinário Rolf Arne Olberg verifica se um urso polar está devidamente sedado (Olivier MORIN) (Olivier MORIN/AFP/AFP)

Por AFP - Agence France Presse


Biópsias em ursos polares para esclarecer a poluição no Ártico

Por Olivier MORIN com Etienne FONTAINE em Estocolmo


Com um pé apoiado no patim de pouso do helicóptero, um veterinário levantou sua espingarda de ar comprimido, mirou e disparou um dardo tranquilizante contra um urso polar.


O predador fugiu, mas logo caiu na neve, com seu corpo robusto imóvel sob o céu ártico.


A dramática perseguição fazia parte de uma missão de pesquisa pioneira no arquipélago de Svalbard, na Noruega, onde cientistas, pela primeira vez, coletaram biópsias de tecido adiposo de ursos polares para estudar o impacto dos poluentes em sua saúde.


A expedição ocorreu em um momento em que a região ártica estava aquecendo quatro vezes mais do que a média global, colocando pressão crescente sobre os icônicos predadores à medida que seu habitat de gelo marinho encolhia.


“A ideia é mostrar com a maior precisão possível como os ursos vivem na natureza, mas em um laboratório“, disse Laura Pirard, toxicologista belga, à AFP.


“Para fazer isso, retiramos seu tecido (gorduroso), cortamos em fatias muito finas e expomos ao estresse que eles enfrentam, ou seja, poluentes e hormônios do estresse”, disse Pirard, que desenvolveu o método.


Momentos depois que o urso desabou, o helicóptero deu a volta e pousou. Os pesquisadores saíram correndo, com as botas rangendo na neve.


Um se ajoelhou ao lado do urso, cortando finas tiras de tecido adiposo. Outro coletou sangue.


Cada amostra foi selada e rotulada antes que o urso recebesse uma coleira com GPS.


Os cientistas afirmaram que, embora o estudo monitore todos os ursos, apenas as fêmeas foram rastreadas com coleiras GPS, pois seu pescoço é menor que a cabeça — ao contrário dos machos, que não conseguem manter uma coleira por mais de alguns minutos.


Para os cientistas a bordo do navio de pesquisa Kronprins Haakon, do Instituto Polar Norueguês, esses encontros fugazes foram o culminar de meses de planejamento e décadas de trabalho de campo no Ártico.


Em um laboratório improvisado no quebra-gelo, as amostras permaneceram utilizáveis por vários dias, submetidas a doses controladas de poluentes e hormônios antes de serem congeladas para análise posterior em terra.


Cada fragmento de tecido deu a Pirard e seus colegas uma visão sobre a saúde de um animal que passou grande parte de sua vida no gelo marinho.


A análise das amostras de gordura mostrou que os principais poluentes presentes eram substâncias per- e polifluoroalquílicas (PFAS) — produtos químicos sintéticos usados na indústria e em bens de consumo que permanecem no meio ambiente por décadas.


Apesar de anos de exposição, os ursos polares de Svalbard não mostraram sinais de emagrecimento ou saúde precária, de acordo com a equipe.


A população local permaneceu estável ou até aumentou ligeiramente, ao contrário de partes do Canadá, onde o grupo da Baía de Hudson Ocidental diminuiu 27% entre 2016 e 2021, de 842 para 618 ursos, de acordo com um levantamento aéreo do governo.


Outras populações no Ártico canadense, incluindo o sul do Mar de Beaufort, também mostraram declínios de longo prazo relacionados à redução do acesso a presas e temporadas mais longas sem gelo.


Os cientistas estimam que existam cerca de 300 ursos polares no arquipélago de Svalbard e aproximadamente 2.000 na região mais ampla que se estende do Polo Norte ao Mar de Barents.


A equipe não encontrou nenhuma ligação direta entre a perda de gelo marinho e as concentrações mais elevadas de poluentes nos ursos de Svalbard. Em vez disso, as diferenças nos níveis de poluentes se resumiram à dieta dos ursos.


Dois tipos de ursos — sedentários e pelágicos — se alimentam de presas diferentes, levando ao acúmulo de diferentes substâncias químicas em seus corpos.


Com a redução do gelo marinho, a dieta dos ursos já começou a mudar, disseram os pesquisadores. Essas adaptações comportamentais parecem ajudar a manter a saúde da população.


“Eles ainda caçam focas, mas também comem renas (e) ovos. Eles até comem grama (algas marinhas), mesmo que isso não lhes forneça energia“, disse Jon Aars, chefe do programa de ursos polares de Svalbard, à AFP.


“Se eles têm muito pouco gelo marinho, precisam necessariamente ficar em terra”, disse ele, acrescentando que eles passam “muito mais tempo em terra do que costumavam passar... 20 ou 30 anos atrás”.


Só nesta temporada, Aars e sua equipe de toxicologistas marinhos e especialistas em comportamento espacial capturaram 53 ursos, colocaram 17 coleiras com satélite e rastrearam 10 mães com filhotes ou filhotes de um ano.


“Tivemos uma boa temporada”, disse Aars.


As inovações da equipe vão além das biópsias. No ano passado, eles colocaram pequenos cilindros de ‘registro de saúde’ em cinco fêmeas, registrando seu pulso e temperatura.


Combinados com dados de GPS, os dispositivos oferecem um registro detalhado de como os ursos vagam, como descansam e o que enfrentam.


Os ursos polares já foram caçados livremente em Svalbard, mas desde um acordo internacional de proteção em 1976, a população aqui se recuperou lentamente.


As descobertas da equipe podem ajudar a explicar como o mundo dos ursos está mudando, e a um ritmo alarmante.


À medida que a luz se esvaía e os motores do quebra-gelo zumbiam no vasto silêncio, a equipe guardou suas ferramentas, deixando a região selvagem do Ártico para seus habitantes.


olm-ef/po/srg/jj/gil


 
 
 

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