Carney avança com novo oleoduto no Canadá, aumentando preocupações climáticas. 27/11/2025
- Ana Cunha-Busch
- 26 de nov.
- 3 min de leitura

Por AFP - Agence France Presse
Carney avança com novo oleoduto no Canadá, aumentando preocupações climáticas
Por Ben Simon
O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, assinou na quinta-feira um acordo com a província de Alberta, produtora de energia no oeste do país, para avançar com um novo oleoduto. A medida controversa levanta preocupações sobre o compromisso de Ottawa em enfrentar as mudanças climáticas.
O memorando de entendimento traça um plano para um oleoduto ligando Alberta à costa do Pacífico canadense, especificamente para impulsionar as exportações de petróleo para a Ásia — em linha com o objetivo de Carney de expandir o comércio exterior para compensar os danos da guerra comercial do presidente dos EUA, Donald Trump.
"No cerne do acordo, é claro, está a prioridade de ter um oleoduto para a Ásia", disse Carney antes da assinatura, ao lado da primeira-ministra conservadora de Alberta, Danielle Smith.
O acordo representou uma clara mudança para o Partido Liberal de Carney e um afastamento das políticas que definiram a década de governo do ex-primeiro-ministro Justin Trudeau.
As relações entre Alberta e Ottawa deterioraram-se drasticamente durante o governo Trudeau.
Smith Smith acusou-o repetidamente de sufocar o potencial de crescimento econômico de Alberta por meio do que ela chamou de políticas pró-clima radicais.
Na quinta-feira, Smith criticou Trudeau, afirmando que "os últimos 10 anos foram extremamente difíceis".
Carney, que cresceu em Alberta, tem trabalhado para melhorar as relações com Smith, discutindo repetidamente seu desejo de tornar o Canadá uma superpotência energética.
Ao apoiar um novo oleoduto, Carney está se expondo a acusações de trair os compromissos climáticos do Canadá, inclusive dentro de seu próprio partido.
Mas o primeiro-ministro — enviado especial da ONU para o clima antes de entrar na política canadense no início deste ano — insistiu que o projeto também tornará o setor petrolífero canadense "mais sustentável".
"Faremos isso em conjunto com o Projeto Pathways, que será o maior projeto de captura de carbono do mundo", disse Carney.
O IPCC, o painel científico de especialistas da ONU sobre mudanças climáticas, afirma que a captura de carbono é uma opção para reduzir as emissões, mas os críticos a consideram uma desculpa para continuar queimando combustíveis fósseis.
A construção efetiva de um novo oleoduto ainda está longe de ser concretizada. O plano prevê que uma proposta formal do projeto esteja pronta até julho de 2026.
O memorando de entendimento exige consulta aos grupos indígenas e a copropriedade indígena de qualquer infraestrutura.
Mas as Primeiras Nações e os grupos indígenas frequentemente se opõem a projetos petrolíferos de grande escala.
Um oleoduto também teria que atravessar a Colúmbia Britânica, a província da costa oeste atualmente governada por um governo de esquerda, que não participou do acordo de quinta-feira.
O impacto de Trump na economia canadense pairou sobre o anúncio de quinta-feira.
As exportações de petróleo de Alberta têm como destino os Estados Unidos, e os produtos energéticos canadenses foram amplamente isentos das tarifas de Trump até o momento.
Mas Trump interrompeu as negociações comerciais com o Canadá, ameaçando o futuro do atual acordo de livre comércio da América do Norte.
Carney também alertou que as relações econômicas com os Estados Unidos jamais retornarão à normalidade pré-Trump.
Carney afirmou que o acordo de quinta-feira foi firmado "em meio a mudanças no comércio global e profunda incerteza".
"Este é um bom dia para o Canadá", disse o primeiro-ministro.
"Este acordo tornará o Canadá e Alberta, certamente, mais independentes, mais resilientes e mais fortes."
bs/md





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