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Como um chefe brasileiro está evitando a destruição da Amazônia 02/04/2025

  • Foto do escritor: Ana Cunha-Busch
    Ana Cunha-Busch
  • 2 de abr.
  • 4 min de leitura

A colheita da mandioca é uma das principais atividades no território indígena Capoto/Jarina (Pablo PORCIUNCULA) (Pablo PORCIUNCULA/AFP/AFP)
A colheita da mandioca é uma das principais atividades no território indígena Capoto/Jarina (Pablo PORCIUNCULA) (Pablo PORCIUNCULA/AFP/AFP)

Por AFP - Agence France Presse


Como um chefe brasileiro está evitando a destruição da Amazônia

Por Facundo Fernández Barrio



O senhor não precisa de um GPS para encontrar o território do morador mais famoso da Amazônia, o cacique brasileiro Raoni Metuktire.


À medida que o senhor se aproxima de seu território indígena Capoto/Jarina, no estado do Mato Grosso, grandes fazendas de soja ou milho de cultivo único dão lugar a florestas tropicais exuberantes e verdejantes.


Esse é o epicentro de uma batalha de meio século liderada por um ativista que viaja pelo mundo contra garimpeiros ilegais e madeireiros que estão destruindo a maior floresta tropical do mundo.

Reconhecido instantaneamente por sua placa labial de madeira e seu cocar de penas, a data de nascimento de Raoni é desconhecida, mas acredita-se que ele tenha cerca de 90 anos.


Há três décadas, ele viajou pelo mundo com o astro do rock ativista britânico Sting para pressionar pelos direitos indígenas.


Sua aldeia natal, Metuktire, que leva o nome de seu clã, pertence ao povo Kayapo e é acessível principalmente por barco ao longo do rio Xingu, um afluente do Amazonas.


O formidável chefe viveu a maior parte de sua vida em uma das cabanas de palha e madeira dispostas em um amplo círculo ao redor de uma clareira na floresta.


Atualmente, por motivos de saúde, o senhor reside principalmente na cidade vizinha de Peixoto de Azevedo, mas estará de volta à sua terra natal na sexta-feira para receber o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Raoni disse à AFP, em uma entrevista antes da visita, que pressionaria Lula a interromper os planos de um megaprojeto de petróleo na foz do rio Amazonas e insistiria para que a comunidade obtivesse a custódia de uma fatia maior da floresta.


“Não permito garimpeiros ilegais ou traficantes de madeira em nossas terras”, disse o chefe à AFP com ênfase.


A comunidade de Raoni, com 1.600 membros, tem uma abordagem dupla para defender sua terra ancestral: realizar patrulhas contra invasores e ensinar os jovens indígenas a resistir à tentação de enriquecer rapidamente à custa da destruição da floresta tropical.


Apenas 0,15% do território Capoto/Jarina, que ocupa uma área quatro vezes maior do que a megacidade de São Paulo, foi afetado pelo desmatamento, de acordo com estatísticas oficiais.


A designação de terras como território indígena - onde o desmatamento é crime - tem se mostrado eficaz para conter o ataque feroz da mineração e da agricultura ilegais.



Os territórios indígenas perderam menos de 2,0% de suas espécies de plantas nativas desde 2008, em comparação com 30% em terras não indígenas, de acordo com o Instituto Socioambiental, uma ONG brasileira.


Mas para que a terra de seu clã fosse reconhecida como território indígena pelo Estado, Raoni teve que recorrer a medidas desesperadas.


A mídia brasileira relatou que, em 1984, ele e seu sobrinho sequestraram uma balsa, fazendo reféns funcionários da ditadura militar então no poder.


Quarenta dias depois, o Estado cedeu.


“Os garimpeiros e os brancos queriam ocupar nossas terras, mas lutamos até expulsá-los para sempre”, disse à AFP Beptok Metuktire, outro líder da comunidade, onde a maioria usa o nome do clã como sobrenome.


“Mostramos a eles que esse território é nosso”, acrescentou o senhor de 67 anos na língua Kayapo da comunidade.


No entanto, as terras indígenas estão sendo atacadas e, a cada ano, milhares de hectares de vegetação nativa são destruídos.


Perto do território Capoto/Jarina, em uma área habitada por outros ramos do povo Kayapo de Raoni, a selva verde-esmeralda é marcada por enormes crateras marrons e poças de água salobra - as marcas registradas da mineração ilegal de ouro.


A AFP viu dezenas de escavadeiras hidráulicas operadas por trabalhadores acampados no local durante um voo organizado pela ONG ambiental Greenpeace.


O território Kayapo perdeu o equivalente a 22.000 campos de futebol de floresta para a mineração ilegal de ouro, de acordo com o Greenpeace, que observa a presença crescente de grupos do crime organizado, como o Comando Vermelho, uma das maiores gangues do Brasil, na região.


“Os brancos convencem alguns líderes indígenas a garimpar ouro, o que leva a disputas e até assassinatos entre as famílias”, disse Roiti Metuktire, coordenador de proteção territorial do Instituto Raoni, que defende os direitos indígenas.


“Mudar isso é difícil porque as pessoas se acostumaram com o dinheiro do crime e, como a terra já foi degradada, elas não têm o que comer”, disse ele.


Embora a terra natal de Raoni tenha conseguido, até agora, evitar as piores ameaças, há uma que parece maior do que nunca: os incêndios florestais.


A Amazônia brasileira foi devastada por impressionantes 140.000 incêndios no ano passado, muitos deles iniciados para limpar a terra para a criação de gado ou para as plantações.


Um incêndio em Capoto/Jarina destruiu plantações e plantas medicinais, disse o líder comunitário Pekan Metuktire.


“Quando eu era jovem, o clima nesta aldeia era normal. Mas agora o sol queima, a terra seca e os rios transbordam. Se isso continuar, será o fim do nosso mundo”, acrescentou.


A comunidade espera que a conferência da ONU sobre mudança climática, que Lula sediará na cidade amazônica de Belém em novembro, ajude a deter a destruição.


Ngreikueti Metuktire, uma mulher de 36 anos, resumiu a grande tarefa que aguarda o líder brasileiro, antes de ir para o campo colher mandioca.


“Precisamos que Lula fale ao mundo para garantir o futuro de nossos netos.”


ffb/app/cb/mlr/tgb



 
 
 

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