Especialistas em saúde franceses se manifestam contra pesticida que mata abelhas. 29/07/2025
- Ana Cunha-Busch
- 28 de jul.
- 2 min de leitura
Por AFP - AGence France Presse
Especialistas em saúde franceses se manifestam contra pesticida que mata abelhas
Especialistas em saúde franceses e associações de pacientes pediram na terça-feira às autoridades que protejam a população de um pesticida que mata abelhas, afirmando que o produto químico também pode prejudicar crianças e adultos.
A legislação para reintroduzir na França o acetamiprido, um pesticida prejudicial aos ecossistemas, mas popular entre muitos agricultores na Europa, foi aprovada em 8 de julho, mas sem um debate adequado para contornar o impasse em um parlamento dividido.
A medida gerou revolta na França, e o apoio a uma petição de estudantes contra a legislação cresceu exponencialmente, com apoio de professores universitários, legisladores de esquerda e chefs renomados.
A petição já havia reunido mais de 2 milhões de assinaturas até terça-feira.
Especialistas em saúde e associações de pacientes já se manifestaram, afirmando em carta aberta ao jornal francês Le Monde que não podem apoiar "uma lei que é perigosa para a saúde de nossos concidadãos".
O presidente Emmanuel Macron, que vem sofrendo crescente pressão para agir, afirmou aguardar o veredito do Conselho Constitucional, que deverá se pronunciar sobre a constitucionalidade da lei em 7 de agosto.
Os especialistas em saúde e associações de pacientes instaram o Conselho Constitucional a rejeitar a legislação, conclamando seus membros a "responderem à demanda democrática expressa com veemência pelos cidadãos franceses".
Os signatários incluem Agnes Linglart, presidente da Sociedade Francesa de Pediatria, Olivier Coutard, presidente do conselho científico do principal centro de pesquisa científica da França, o CNRS, e Gérard Socie, presidente do conselho científico do Instituto Nacional do Câncer.
O Conselho Constitucional, afirmava a carta, deve proteger as gerações futuras da legislação que "sem sombra de dúvida razoável compromete a saúde de jovens, crianças e nascituros".
A carta afirmava que a comissão do Senado que elaborou o projeto de lei ouviu sindicatos agrícolas e agências governamentais, mas não "médicos, toxicologistas ou epidemiologistas".
Os senadores não consultaram representantes do CNRS, dos ministérios da Saúde e do Trabalho, embora a exposição ocupacional a pesticidas seja um fator de risco para os seres humanos, afirmava a carta.
Citando a organização de pesquisa médica e em saúde INSERM, a carta apontou evidências de uma ligação entre a exposição a pesticidas e a ocorrência de cânceres, doenças neurodegenerativas, pulmonares e hormonais.
Proibido na França desde 2018, o produto químico permanece legal na União Europeia.
ref-as/ekf/giv
Comentários