Microestado do Pacífico vende os primeiros passaportes para financiar ações climáticas. 07/08/2025
- Ana Cunha-Busch
- 6 de ago.
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Por AFP - Agence France Presse
Microestado do Pacífico vende os primeiros passaportes para financiar ações climáticas
Uma remota nação do Pacífico começou a vender passaportes para financiar ações climáticas, mas até agora está com dificuldades para atrair novos cidadãos para a ilha baixa e em grande parte árida.
Nauru, um dos menores países do mundo, tem um plano inovador para financiar sua luta contra as mudanças climáticas com a venda dos chamados "passaportes dourados".
Vendidos por US$ 105.000 cada, Nauru planeja arrecadar mais de US$ 5 milhões no primeiro ano do programa de "cidadania resiliente ao clima".
Quase seis meses após o início do programa em fevereiro, Nauru aprovou até agora apenas seis solicitações — abrangendo duas famílias e quatro indivíduos.
Apesar do início lento — Nauru espera vender 66 passaportes no primeiro ano do programa — o presidente David Adeang permaneceu otimista.
"Damos as boas-vindas aos nossos novos cidadãos, cujo investimento ajudará Nauru a garantir um futuro sustentável e próspero para as gerações futuras", disse ele à AFP na quinta-feira.
Nauru acredita que o programa de passaportes poderá gerar US$ 43 milhões – ou cerca de 500 candidatos aprovados – o que representaria quase 20% da receita total do governo.
Mas há temores de que o programa possa ser explorado.
Edward Clark, que administra o programa de passaportes climáticos de Nauru, disse que um pedido já foi retirado depois que autoridades sinalizaram "conclusões adversas" durante verificações de antecedentes.
"O pedido teria sido rejeitado se não tivesse sido retirado", disse ele à AFP.
Uma tentativa anterior de Nauru de vender passaportes terminou em desastre.
Em 2003, autoridades nauruanas venderam cidadania a membros da Al-Qaeda que posteriormente foram presos na Ásia.
Entre o primeiro lote de passaportes climáticos aprovados estava uma família alemã não identificada de quatro pessoas que morava em Dubai, disse Clark, elogiando o "grande marco".
"Eles buscavam uma segunda cidadania que lhes desse um Plano B, dada a atual volatilidade política global", disse ele.
O passaporte de Nauru oferece entrada sem visto em mais de 80 países ou territórios.
Mais de 60 nações diferentes oferecem alguma forma de migração para esquemas de investimento, segundo o Instituto Lowy da Austrália.
Nações do Pacífico, como Vanuatu, Samoa e Tonga, já se aventuraram na venda de passaportes.
A república insular de Nauru fica em um pequeno planalto de rocha fosfática no Pacífico Sul, pouco povoado.
Com uma área total de apenas 21 quilômetros quadrados (oito milhas quadradas), é uma das menores nações do mundo.
Depósitos de fosfato excepcionalmente puros — um ingrediente essencial em fertilizantes — já fizeram de Nauru um dos lugares mais ricos, per capita, do planeta.
Mas esses suprimentos se esgotaram há muito tempo, e pesquisadores estimam hoje que 80% de Nauru se tornou inabitável devido à mineração.
O pouco território que resta a Nauru está ameaçado pelo avanço das marés. Cientistas mediram o nível do mar subindo 1,5 vez mais rápido do que a média global.
Nauru eventualmente precisará realocar 90% de sua população, à medida que o mar agitado começa a corroer sua orla costeira.
A primeira fase dessa realocação em massa está estimada em mais de US$ 60 milhões.
lec/sft/cwl
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