Planos de energia industrial a carvão da Indonésia prejudicam promessa de emissões: Relatório 21/02/2025
- Ana Cunha-Busch
- 20 de fev.
- 3 min de leitura
Por AFP - Agence France Presse
Planos de energia industrial a carvão da Indonésia prejudicam promessa de emissões: Relatório
A expansão planejada da Indonésia de usinas de carvão “cativas” usadas para abastecer a indústria está ameaçando sua promessa de reduzir as emissões de CO2 até 2030 e fechar todas as usinas movidas a carvão até uma década depois, segundo um relatório publicado na quinta-feira.
A Indonésia, dependente do carvão, a maior economia do Sudeste Asiático, é um dos maiores emissores do mundo, mas o presidente Prabowo Subianto prometeu no ano passado eliminar gradualmente o carvão em apenas 15 anos e atingir emissões líquidas zero até a metade do século.
O novo plano diretor nacional de eletricidade da Indonésia, anunciado em novembro, projeta um crescimento nas energias renováveis, mas também um aumento acentuado na geração de carvão após 2030, de acordo com um relatório do think tank de energia Ember, com sede em Londres.
O novo plano levanta “preocupações de que o mais recente plano diretor de eletricidade da Indonésia possa aumentar significativamente a geração a carvão”, disse a Ember.
Jacarta disse anteriormente que seu mix de energia renovável atingiria 44% de sua geração de energia até 2030.
Mas o novo plano inclui 26,8 gigawatts de nova capacidade de carvão nos próximos sete anos, disse Ember, com mais de 20 GW desse total provenientes da chamada expansão cativa de carvão, que fornece energia para a indústria e não para a rede.
A Indonésia opera atualmente 49,7 GW de usinas elétricas a carvão, de acordo com a Ember, e o governo afirma que 253 usinas elétricas a carvão estavam em operação em dezembro.
No entanto, dezenas de outras usinas a carvão continuam em construção, inclusive usinas de carvão cativas.
A empresa estatal de eletricidade Perusahaan Listrik Negara não respondeu a um pedido de comentário.
“Expandir o carvão cativo enquanto os mercados globais mudam para a energia limpa faz pouco sentido econômico”, disse Dody Setiawan, analista sênior de clima e energia da Ember para a Indonésia.
“O compromisso com um caminho claro para a eliminação gradual do carvão, priorizando as energias renováveis, ajudaria a Indonésia a enfrentar os desafios multifacetados que todas as economias dependentes do carvão precisam enfrentar.”
O Center for Research on Energy and Clean Air (CREA), que afirmou que grande parte do crescimento do carvão cativo estava concentrado nas ilhas de Sulawesi e Maluku do Norte, emitiu um aviso aos moradores locais.
Eles “terão que arcar com o maior ônus econômico e de saúde devido à exposição à poluição”, disse a analista do CREA, Katherine Hasan.
A Indonésia garantiu uma Parceria para Transição de Energia Justa de US$ 20 bilhões com nações desenvolvidas em 2022, que deveria acelerar sua transição para a energia limpa, mas pouco desse dinheiro foi visto até agora.
Este mês, o Ministério do Meio Ambiente foi rápido em prometer novamente o apoio de Jacarta ao histórico acordo climático de Paris, depois que seu enviado climático sugeriu que o acordo era irrelevante depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, se retirou novamente dele.
O relatório afirma que a Indonésia precisa fazer muito mais para cumprir a meta do Acordo de Paris até 2050.
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