Primeiras acusações em escândalo de controle de enchentes nas Filipinas têm como alvo ex-parlamentar e autoridades. 18/11/2025
- Ana Cunha-Busch
- há 3 dias
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Por AFP - Agence France Presse
Primeiras acusações em escândalo de controle de enchentes nas Filipinas têm como alvo ex-parlamentar e autoridades
Promotores filipinos apresentaram na terça-feira as primeiras acusações criminais em um amplo escândalo de corrupção envolvendo projetos fraudulentos de controle de enchentes, prometendo "muitas" outras acusações no caso que provocou indignação pública e protestos.
A revolta contra a chamada infraestrutura fantasma, que se acredita ter custado bilhões de dólares aos contribuintes, vem crescendo há meses, desde que o presidente Ferdinand Marcos colocou o assunto no centro das atenções em um pronunciamento em julho, após semanas de enchentes mortais.
Dezenas de proprietários de construtoras, funcionários do governo e parlamentares do país arquipélago foram acusados de desviar fundos para projetos de baixa qualidade.
Na terça-feira, o gabinete do Provedor de Justiça divulgou acusações contra o ex-congressista Elizaldy Co., funcionários de obras públicas e membros de uma construtora por suas ligações com um dique rodoviário "grosseiramente" inadequado na província de Oriental Mindoro.
As acusações incluem falsificação de documentos, desvio de verbas públicas e violações da lei anticorrupção.
"Os fundos públicos deveriam ser usados para proteger as comunidades de inundações, não para enriquecer funcionários ou empreiteiras privadas", disse o porta-voz do Provedor de Justiça, Mico Clavano, em uma coletiva de imprensa.
Ele afirmou que o departamento estava agindo com base no primeiro caso apresentado por uma comissão independente, com outros em fase de investigação preliminar.
"Este é o primeiro de muitos casos que serão levados à justiça", disse ele.
O anúncio ocorre um dia depois da Igreja Ni Cristo (INC), uma igreja que historicamente tem sido um poderoso bloco eleitoral com ligações com a dinastia política Duterte, ter concluído duas séries de comícios consecutivos em Manila, que atraíram centenas de milhares de pessoas.
Nos comícios, líderes da INC fizeram alusão a "novas evidências" no caso e exibiram vídeos que Co — que está foragido — divulgou do exterior, acusando Marcos de ser o mentor da corrupção.
Embora tenha sido Marcos quem prometeu identificar os culpados e revelar nomes em seu discurso de julho, a polêmica subsequente envolveu aliados e inimigos.
Na segunda-feira, o governo Marcos viu dois membros do gabinete, o secretário executivo Lucas Bersamin e a diretora de orçamento Amenah Pangandaman, renunciarem após serem ligados a fraudes no controle de enchentes.
O primo do presidente, o deputado Martin Romualdez, renunciou ao cargo de presidente da Câmara em setembro, após ser implicado.
No comício da INC de segunda-feira, a senadora Imee Marcos, irmã do presidente e aliada importante de sua arqui-inimiga, a vice-presidente Sara Duterte, subiu ao palco para acusá-lo de uso de drogas, alegando que isso havia prejudicado seu discernimento.
"Seu vício se tornou a razão para a onda de corrupção, a falta de direção e as decisões muito equivocadas", disse ela.
O filho do presidente Marcos, Sandro, rebateu na terça-feira, criticando as acusações como "não apenas falsas, mas perigosamente irresponsáveis".
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