Prisão francesa superlotada sofre com calor "insuportável". 11/08/2025
- Ana Cunha-Busch
- 10 de ago.
- 3 min de leitura
Por AFP - Agence France Presse
Prisão francesa superlotada sofre com calor "insuportável"
Valentin GRAFF
Detentos de uma prisão no sudoeste da França estão lutando para lidar com uma onda de calor que atinge a região, com altas temperaturas que devem persistir durante o fim de semana.
Ventiladores zumbiam em todos os cantos e lençóis pendiam das janelas de uma prisão superlotada perto da cidade de Toulouse, onde os detentos tentavam se refrescar enquanto as temperaturas ultrapassavam os 36 graus Celsius, observou um jornalista da AFP na quinta-feira.
O sul da França está sob o efeito de uma onda de calor e, para os detentos do centro de detenção de Seysses, esse calor é "insuportável", disse um detento.
Mas, como muitas prisões na França, Seysses está superlotada — em junho, a capacidade máxima era, em média, mais que o dobro.
"Ter duas pessoas por cela virou exceção", disse um guarda, cujo nome, assim como o de todos os detentos entrevistados, não pode ser publicado.
Com os centros de detenção em todo o país superlotados e as instalações inadequadas para ondas de calor cada vez mais frequentes, guardas e detentos se preocupam com o impacto do calor.
O calor pode criar riscos à segurança, com as brigas se tornando "mais frequentes" à medida que as temperaturas sobem, disse o guarda.
"O menor incômodo pode desencadear uma briga."
As temperaturas neste fim de semana devem chegar a 40°C em algumas áreas e a segunda-feira deve ser o "dia mais quente do país", de acordo com o serviço meteorológico nacional Meteo France.
Na prisão, "você pode realmente sentir os 38°C. As paredes absorvem o calor. Há condensação", disse o detento, falando da cela de 9 metros quadrados que divide com outras duas pessoas.
"Não vamos pedir ar-condicionado, isso não vai acontecer, mas gostaríamos de mais ventilação ou uma cela maior", disse ele.
-'Sem escolha'-
À medida que o planeta aquece devido às emissões de gases de efeito estufa pela humanidade, especialistas afirmam que as ondas de calor provavelmente se tornarão mais frequentes em toda a Europa.
Para os detentos de Seysses, uma pausa de duas horas em um pátio asfaltado sem árvores oferece pouco alívio, já que os nebulizadores só serão instalados no próximo verão.
Uma detenta da ala feminina da prisão disse que ela e suas colegas de cela permaneceram em suas celas porque estava muito quente para sair.
Das detentas que se aventuraram no pátio de recreação, a maioria permaneceu na sombra, embora algumas tenham feito algumas flexões ou barras, mesmo sob o calor escaldante.
A equipe da prisão distribuiu água gratuitamente e forneceu ventiladores e chapéus para os indivíduos mais vulneráveis, incluindo aqueles com mais de 75 anos ou com problemas de saúde.
Mas as instalações da prisão, incluindo uma biblioteca mal ventilada e uma academia, com janelas minúsculas e um único ventilador, oferecem pouca proteção contra o calor.
"É quente lá dentro, mas quando há muitas pessoas, fica muito, muito quente muito rápido", disse uma guarda, descrevendo a sala de ginástica.
Mesmo dormir traz pouco alívio, disse uma recém-chegada à ala feminina da prisão, construída para 40 pessoas, mas com capacidade para 80.
A detenta, que divide sua cela com outras duas detentas, disse que não tem alternativa a não ser dormir em um colchão no chão.
Dormir é "difícil, porque é concreto e, durante o verão, é muito quente", disse ela.
"Mas não temos escolha."
vgr-ekf/gv
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