Rios de sal: a vida na linha de frente climática de Bangladesh. Nov 24, 2025
- Ana Cunha-Busch
- 23 de nov.
- 2 min de leitura

Por AFP - Agence France Presse
Rios de sal: a vida na linha de frente climática de Bangladesh
Muhammad Amdad HOSSAIN
Na costa de Bangladesh, onde os poderosos rios do Himalaia encontram o mar, a água define cada ritmo de vida e cada luta.
A elevação do nível do mar, impulsionada pelas mudanças climáticas, está engolindo áreas baixas, enquanto tempestades mais fortes empurram a água salgada para o interior, tornando poços e lagos salobros, segundo cientistas do governo.
Para os milhões que vivem nos deltas ecologicamente sensíveis de planícies de maré e manguezais, encontrar água potável tornou-se um desafio cada vez maior.
O ciclone Aila, em 2009, foi um ponto de virada.
Os diques romperam e a água salgada invadiu o interior, alagando não apenas casas, mas também infiltrando-se em terras antes férteis.
A água que antes sustentava as comunidades tornou-se imprópria para consumo, e a terra começou a rachar sob camadas de sal.
Os habitantes dos distritos de Khulna e Satkhira vivem hoje em um frágil equilíbrio entre a terra e o mar.
Muitas famílias moram em casas construídas sobre palafitas de bambu para escapar das enchentes.
Crianças tomam banho em água amarela e salina e crescem em uma paisagem de constante transformação, onde os rios erodem suas casas e escolas, e o deslocamento se tornou a norma.
Homens migram por meses em busca de trabalho.
Mulheres e crianças caminham por horas sobre o solo ressecado e rachado para buscar água em lagoas distantes ou coletar água da chuva e armazená-la em tanques fornecidos por instituições de caridade.
Cada família armazena alguns milhares de litros, cuidadosamente racionados até a chegada da próxima monção.
O ato diário de coletar e armazenar água se tornou um ritual silencioso de resistência.
Esta reportagem acompanha uma série fotográfica realizada por Muhammad Amdad Hossain para o Prêmio Marai de Fotografia da AFP de 2025, uma premiação destinada a fotógrafos do Sul da Ásia com até 25 anos de idade.
O tema de 2025 foi "mudanças climáticas" e seu impacto no cotidiano e na comunidade dos fotógrafos participantes.
O prêmio é organizado pela Agence France-Presse em homenagem a Shah Marai, ex-chefe de fotografia do escritório da AFP em Cabul.
Shah Marai, que foi uma inspiração para fotógrafos afegãos ao longo de sua carreira, foi morto em serviço, aos 41 anos, em um ataque suicida em 30 de abril de 2018, em Cabul.
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