Turquia disputa com a Austrália a oportunidade de sediar as negociações climáticas da ONU em 2026 26/06/2025

Quase 200 nações participam das cúpulas anuais da COP (STRINGER)

Por AFP - Agence France Presse

Turquia disputa com a Austrália a oportunidade de sediar as negociações climáticas da ONU em 2026

A Turquia reforçou nesta quarta-feira sua proposta de sediar as negociações climáticas da ONU em 2026, desafiando os apelos para que se afastasse e deixasse a candidata rival, a Austrália, sediar o evento global de alto nível.

Em uma reunião de diplomatas do clima, a Turquia prometeu um local de classe mundial para a COP31 em Antália, uma cidade litorânea que já sediou as conferências do G20 e da OTAN.

"Estamos prontos para tornar a COP31 acessível, funcional e inspiradora", disse Aysin Turpanci, funcionária da diretoria de mudanças climáticas da Turquia, aos delegados nas negociações de meio de ano da ONU na cidade alemã de Bonn.

Ela afirmou que a posição estratégica da Turquia entre a Europa e a Ásia e sua capacidade de superar as barreiras entre países desenvolvidos e em desenvolvimento a tornam a anfitriã ideal.

À medida que cresce a ansiedade sobre o custo e a disponibilidade de acomodações para a cúpula deste ano na cidade brasileira de Belém, ela disse que Antalya ostenta mais de 600.000 leitos de hotel.

"Os preços podem atender a participantes de todos os níveis", disse ela a diplomatas e representantes não governamentais em um evento paralelo especial em Bonn para defender a posição da Turquia.

Quase 200 nações participam das cúpulas anuais da COP, que se alternam entre cinco grupos de países que devem indicar, por consenso, um candidato para sediar a maratona de negociações climáticas.

O bloco "Europa Ocidental e Outros Estados" sediará a conferência em 2026, e duas candidaturas surgiram — Turquia e Austrália, que propôs co-sediar a conferência com nações vizinhas das ilhas do Pacífico.

Uma autoridade australiana em Bonn disse à AFP que Canberra estava "trabalhando arduamente para resolver a candidatura à COP31".

No início deste mês, o ministro do Meio Ambiente do país, Murray Watt, também usou uma plataforma no cenário mundial para defender a posição da Austrália.

"É hora de uma COP climática na região do Pacífico", disse Watt aos ministros do governo na Conferência dos Oceanos da ONU em Nice, França.

"A COP31 seria uma oportunidade sem precedentes para chamar a atenção global para os desafios e oportunidades únicos do Pacífico Azul."

O Pacífico está severamente ameaçado pela elevação do nível do mar e pelo agravamento das tempestades, e muitos líderes de pequenas ilhas têm instado a Turquia a se retirar da disputa.

Mas Ancara não dá sinais de ceder.

"Reiteramos nossa candidatura à presidência da COP", disse a vice-ministra do Meio Ambiente do país, Fatma Varank, aos delegados em Bonn.

O veterano analista climático Alden Meyer disse que a Turquia está "definitivamente sendo muito persistente em sua candidatura".

"Todos estão se perguntando: qual é o jogo aqui? O que a Turquia quer?", disse Meyer, do think tank E3G, à AFP em Bonn.

"E pode ou não ter algo relacionado ao clima", acrescentou, apontando possíveis objetivos comerciais ou políticos.

O que está claro é que não se espera que um candidato vencedor seja declarado em Bonn, como se esperava, disse Meyer.

"A decisão pode não ser tomada até Belém, ou pouco antes", disse ele.

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