COP30: Povos Indígenas são vitais para o futuro da humanidade, afirma ministra brasileira à AFP. 10/11/2025
- Ana Cunha-Busch
- 9 de nov.
- 3 min de leitura

By AFP - Agence France Presse
COP30: Povos Indígenas são vitais para o futuro da humanidade, afirma ministra brasileira à AFP
Por Louis GENOT
Na COP30, em Belém, na região amazônica brasileira, a ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, espera que os povos indígenas desempenhem um papel de liderança na conferência internacional sobre o clima que começa nesta segunda-feira.
Sem eles, "não há futuro para a humanidade", disse ela à AFP em entrevista.
Guajajara, membro do grupo étnico Guajajara-Tenetehara e nascida em uma reserva indígena no estado do Maranhão, é a primeira pessoa a ocupar a pasta criada pelo presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva quando retornou ao poder em 2023.
Na véspera da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP), Guajajara, de 51 anos, prevê "a melhor COP em termos de participação indígena", mas denuncia o "racismo" sofrido pelos povos indígenas.
Ela lamenta que o governo brasileiro não tenha conseguido aprovar mais reservas indígenas.
Segundo a ministra, esse esforço tem sido dificultado por uma lei aprovada pelo parlamento, de maioria conservadora, que restringe o reconhecimento de terras pertencentes a povos indígenas.
O Brasil, o maior país da América Latina, abriga 1,7 milhão de indígenas, divididos em 391 grupos étnicos que falam 295 línguas, de uma população total de mais de 200 milhões.
A COP pode contribuir significativamente para uma maior compreensão e interesse da sociedade como um todo em relação aos povos indígenas — especialmente no que diz respeito ao papel que os povos indígenas e seus territórios desempenham na manutenção do equilíbrio climático.
Está comprovado que a presença dos povos indígenas, seja em territórios demarcados ou não, garante água limpa, biodiversidade protegida, alimentos livres de pesticidas e florestas em pé.
E tudo isso é essencial para a sobrevivência da humanidade. Portanto, afirmamos que, sem os povos indígenas, sem essas vozes, não há futuro para a humanidade.
Em 2009, quando participei da minha primeira COP, a COP15 em Copenhague, havia um ou dois indígenas presentes, mas eles não estavam participando ativamente. Desde então, temos trabalhado para construir essa inclusão, aumentar a representatividade e criar espaços para o diálogo.
De lá para cá, houve um progresso enorme. Fiquei muito entusiasmada em participar da cúpula de presidentes, durante o lançamento do TFFF (Fundo para a Floresta Tropical para Sempre), bem como da sessão que abordou o tema do clima e da natureza.
É claro que ainda há muito a ser feito para que os países assumam essa liderança. Em ambos os momentos, todos os presidentes que discursaram enfatizaram a importância de incluir os povos indígenas, garantir financiamento para as comunidades indígenas e assegurar a proteção dos povos e territórios indígenas.
Embora já haja o reconhecimento de que nós, povos indígenas, somos os maiores guardiões da floresta, do meio ambiente e da biodiversidade devido ao nosso modo de vida, somos os primeiros e os mais impactados.
Porque quando há uma enchente, por exemplo, isso afeta a segurança alimentar; quando os peixes morrem, quando a água é contaminada; quando há seca, as estradas ficam inacessíveis, já que os rios também são um meio de transporte para nós.
Isso afeta as escolas; quando as crianças não podem se deslocar de um lugar para outro para frequentar a escola, isso afeta a educação.
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