'Fracasso Moral': Líderes buscam unir o mundo em negociações climáticas na Amazônia. 07/11/2025
- Ana Cunha-Busch
- 6 de nov.
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Por AFP - Agence France Presse
'Fracasso Moral': Líderes buscam unir o mundo em negociações climáticas na Amazônia
Por Louis Genot, Mariëtte Le Roux, Facundo Fernández Barrio, com Kelly Macnamara em Paris.
O temor de uma ruptura na resolução global pairava sobre as negociações climáticas na Amazônia brasileira nesta quinta-feira, enquanto líderes mundiais reconheciam seu fracasso em conter o aquecimento global dentro dos limites acordados.
Chefes de Estado e de governo se reuniram na cidade de Belém antes da conferência COP30 da ONU, que ocorrerá sem a presença dos Estados Unidos — uma das nações mais responsáveis pelas emissões que aquecem o planeta.
Ao abrir a reunião de líderes, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, deu o tom ao declarar que o mundo falhou em sua promessa de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius desde a era pré-industrial.
"Isso é uma falha moral — e uma negligência mortal", disse ele, acrescentando que, para minimizar o perigo, os governos devem agir com ainda mais urgência para reduzir drasticamente as emissões de combustíveis fósseis e proteger a natureza.
A agência climática da ONU afirmou na quinta-feira que 2025 estará entre os anos mais quentes já registrados.
O Brasil espera que a COP30, que começa oficialmente na segunda-feira, possa reafirmar que a mudança climática continua sendo uma prioridade global, apesar das guerras, das tensões comerciais, da incerteza econômica e do efeito inibidor do governo Trump.
O presidente Trump desdenhou da ciência climática, chamando-a de "farsa", e buscou sabotar a ação climática internacional em outros fóruns, ao mesmo tempo em que promove os combustíveis fósseis.
A ausência dos Estados Unidos lançou uma sombra sobre a cúpula de quinta-feira, onde os oradores se revezaram condenando o negacionismo climático de Trump e lamentando a perda de impulso global.
"O presidente dos Estados Unidos disse na última Assembleia da ONU que a crise climática não existe, e isso é uma mentira", disse o chileno Gabriel Boric, enquanto o colombiano Gustavo Petro, cujo visto americano foi cancelado pelo governo Trump, também o criticou duramente.
O presidente brasileiro e anfitrião Luiz Inácio Lula da Silva referiu-se a "forças extremistas que fabricam notícias falsas para obter ganhos eleitorais e aprisionar as gerações futuras".
A China, maior emissora mundial, esteve presente na cúpula e prometeu intensificar suas ações climáticas, que incluem a ampla implementação de energias renováveis e tecnologias verdes no país e no exterior.
"A China é um país que honra seus compromissos", afirmou enfaticamente o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang.
"A China é um país que honra seus compromissos", declarou enfaticamente o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang. Ele acrescentou que seu país "aceleraria a transição verde em todas as áreas do desenvolvimento econômico e social" e criticou aqueles que criariam barreiras comerciais contra seus painéis solares, baterias e carros elétricos.
Líderes de outras grandes economias, incluindo a União Europeia, o Reino Unido e a França, também estiveram presentes para mostrar que a comunidade internacional ainda pode trabalhar em conjunto.
Keir Starmer, do Reino Unido, afirmou que "o Reino Unido está totalmente comprometido" — apresentando o investimento na transição energética como uma oportunidade econômica —, mas expressou receios de que o consenso climático global "tenha desaparecido".
A escolha de Belém, uma cidade de 1,4 milhão de habitantes, metade dos quais vive em favelas, tem sido controversa devido à sua infraestrutura limitada, com diárias de hotel altíssimas que dificultam a participação de pequenas delegações e ONGs.
A recente aprovação, pelo Brasil, da perfuração de petróleo perto da foz do Rio Amazonas será um tema delicado na conferência.
O mesmo ocorrerá com o apelo, ainda sem resposta, por uma série de novas e ambiciosas promessas climáticas antes da COP30.
O Brasil lançou um novo fundo para a conservação da floresta tropical na quinta-feira, com uma contribuição prometida pela Noruega de até 30 bilhões de coroas noruegas (US$ 2,9 bilhões) em empréstimos.
A COP30 também se concentrará na adaptação, uma demanda de países que não têm recursos para construir defesas contra desastres climáticos.
O presidente da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, afirmou na quinta-feira que o financiamento climático "insuficiente" está contribuindo para o agravamento da crise de desigualdade.
"Aqueles que menos contribuíram para as mudanças climáticas agora estão pagando o preço mais alto", disse ele.
Esses países querem detalhes concretos sobre como o financiamento climático pode ser substancialmente aumentado para US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 — a necessidade estimada nos países em desenvolvimento.
Os anfitriões também estão sob pressão para apresentar uma resposta ao fracasso da meta de 1,5°C. Mesmo que todos os compromissos sejam cumpridos integralmente, o aquecimento global ainda deverá atingir 2,5°C até o final do século.
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