Lobistas de combustíveis fósseis marcam presença em peso nas negociações climáticas na Amazônia: ONGs 14/11/2025
- Ana Cunha-Busch
- 13 de nov.
- 3 min de leitura

Por AFP - Agence France Presse
Lobistas de combustíveis fósseis marcam presença em peso nas negociações climáticas na Amazônia: ONGs
14 de novembro de 2025
Lobistas ligados à indústria de combustíveis fósseis marcaram presença em peso nas negociações climáticas da ONU na Amazônia brasileira, afirmou uma coalizão de ONGs nesta sexta-feira, alertando que sua presença prejudica o processo.
Um total de 1.602 delegados com ligações aos setores de petróleo, gás e carvão foram a Belém, o equivalente a cerca de um em cada 25 participantes, segundo a organização Kick Big Polluters Out (KBPO), que analisou a lista de participantes.
Em comparação, o Brasil, país anfitrião, enviou 3.805 delegados.
A lista compilada pela KBPO inclui representantes de gigantes da energia como ExxonMobil, Chevron, Shell e TotalEnergies, bem como empresas petrolíferas estatais da África, do Brasil, da China e do Golfo.
Mas também inclui funcionários de uma ampla gama de empresas, como a montadora alemã Volkswagen ou a gigante dinamarquesa de transporte marítimo Maersk, além de representantes de associações comerciais e outros grupos.
A Fundação para a Sustentabilidade de Veneza está na lista porque entre seus membros está a petrolífera italiana Eni.
A KBPO também incluiu a gigante dinamarquesa de energia eólica Orsted, que ainda atua no comércio de gás, e a empresa francesa de energia EDF – a maior parte de sua energia provém de usinas nucleares, mas que ainda utiliza alguns combustíveis fósseis.
A lista inclui a empresa estatal emiradense de energias renováveis Masdar.
Um dos analistas, Patrick Galey, chefe de investigações sobre combustíveis fósseis da Global Witness, disse à AFP que alguns dos nomes podem parecer "surpreendentes" à primeira vista, mas a KBPO analisa dados e material de código aberto para identificar aqueles ligados a combustíveis fósseis.
Qualquer empresa de energia renovável que seja subsidiária de uma empresa de combustíveis fósseis entrou na lista, por exemplo, porque está "à disposição" de seu grupo matriz, disse Galey.
A KBPO afirmou que considera lobista de combustíveis fósseis qualquer delegado que "represente uma organização ou seja membro de uma delegação que possa ser razoavelmente presumida como tendo o objetivo de influenciar" políticas ou legislação em benefício da indústria de petróleo, gás e carvão.
A KBPO começou a analisar as listas oficiais de participantes da COP em 2021.
A COP28, em Dubai, rica em petróleo, em 2023, teve um número recorde de participantes — mais de 80.000 — mas também o maior número de lobistas de combustíveis fósseis já contabilizado pela KBPO, com 2.456, ou 3% do total.
Em Belém, 3,8% dos participantes estão ligados a interesses de combustíveis fósseis, a maior porcentagem já documentada pela KBPO.
A ONU começou a publicar uma lista mais abrangente de participantes na COP28, o que dificulta as comparações históricas.
"É senso comum que não se resolve um problema dando poder a quem o causou", disse Jax Bonbon, membro da organização Kick Big Polluters Out, da IBON International, nas Filipinas, país recentemente atingido por um tufão devastador.
"No entanto, três décadas e 30 COPs depois, mais de 1.500 lobistas de combustíveis fósseis estão circulando pelas negociações climáticas como se pertencessem a este lugar", afirmou Bonbon em um comunicado.
Os números podem ser ainda maiores.
Segundo a Transparência Internacional, 54% dos participantes das delegações nacionais omitiram sua afiliação ou selecionaram uma categoria vaga como "convidado" ou "outro".
lth/np/sst





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