Lula retorna à COP30 enquanto nações pressionam por acordo. 19/11/2025
- Ana Cunha-Busch
- há 2 dias
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Por AFP - Agence France Presse
Lula retorna à COP30 enquanto nações pressionam por acordo
Por Nick PERRY e Julien MIVIELLE
ATUALIZAÇÕES: Brasil planeja finalizar decisões difíceis na quarta-feira; visita de Lula confirmada
O Brasil, anfitrião da COP30, pressionou na terça-feira por um avanço rápido nas negociações climáticas da ONU, com as nações avaliando uma proposta de acordo que busca superar as principais divergências sobre combustíveis fósseis, financiamento e barreiras comerciais.
O Brasil quer um acordo até o meio da semana, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará um retorno inesperado na quarta-feira a Belém, cidade anfitriã na região amazônica do país, em uma tentativa de alto nível de selar um acordo.
Após anunciarem um cronograma acelerado, os negociadores passaram uma noite em claro elaborando um primeiro rascunho sobre medidas comerciais, demandas por maior financiamento para os países mais pobres e a insuficiência das promessas nacionais de redução de carbono.
"Como sempre nesta fase das negociações, temos um panorama misto", disse o chefe do clima da UE, Wopke Hoekstra, à AFP nos corredores do enorme local da COP30.
A enviada do Reino Unido para o clima, Rachel Kyte, afirmou que o rascunho "parece um pouco desequilibrado", mas espera que as discussões com o Brasil possam resultar em um "texto mais robusto".
"Os brasileiros têm um cronograma muito agressivo. Acho que isso está pressionando bastante os delegados, mas existe uma sinergia nas COPs", disse Kyte a jornalistas.
Não se esperava descanso em Belém na quarta-feira, com os diplomatas sendo solicitados a trabalhar até altas horas da madrugada por mais uma noite.
A rápida apresentação de uma primeira versão clara do acordo, logo no início das negociações climáticas, sinalizou que o Brasil estava confiante em chegar a um acordo em breve, disseram à AFP observadores veteranos da COP.
Questionado na última coletiva de imprensa de terça-feira se o Brasil esperava concluir uma decisão sobre as questões mais complexas no dia seguinte, o presidente da COP30, Andrea Correa do Lago, confirmou que esse era o plano, embora pudesse acontecer "bem tarde" no mesmo dia.
Ele também confirmou que Lula retornaria para se reunir com "alguns dos grupos de negociação" e participar de outras atividades em Belém.
"Seria uma forma de pressionar os delegados a agirem rapidamente para resolver as questões", disse à AFP David Waskow, diretor internacional de clima do think tank World Resources Institute.
Entre outras coisas, a versão preliminar destaca o abismo entre uma ampla coalizão que defende um "roteiro" para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis e um bloco opositor liderado por países produtores de petróleo.
Na terça-feira, mais de uma dezena de ministros do clima e embaixadores se uniram no palco para pedir uma linguagem mais incisiva no acordo final sobre a saída do carvão, petróleo e gás.
"A referência atual no texto é fraca e é apresentada como uma opção. Ela precisa ser fortalecida e adotada", disse Tina Stege, enviada para o clima das Ilhas Marshall, acompanhada por seus homólogos de Serra Leoa, Reino Unido e Colômbia.
A minuta também sugeriu triplicar a assistência financeira de países ricos para países em desenvolvimento para adaptação às mudanças climáticas até 2030 ou 2035 — uma demanda fundamental das nações mais pobres.
"Financiamento climático não é caridade. É uma obrigação legal e moral", disse o ministro das Mudanças Climáticas de Vanuatu, Ralph Regenvanu, na cúpula.
O Brasil está ansioso para mostrar que o mundo ainda está unido na luta contra as mudanças climáticas, apesar da ausência dos Estados Unidos na cúpula e de muitas outras nações estarem lidando com prioridades conflitantes.
"Precisamos mostrar ao mundo que o multilateralismo está vivo", disse Josephine Moote, representante permanente do pequeno estado insular de Kiribati, na COP30.
Mas a secretária de clima do Quênia, Deborah Mlongo Barasa, afirmou que a obrigação dos países ricos de fornecer a assistência financeira prometida "continua sendo o teste decisivo da solidariedade global".
Hoekstra disse que não havia "nenhum interesse" em reabrir o debate sobre financiamento climático — um tema delicado que se tornou acirrado na COP29 do ano passado, no Azerbaijão.
Ele também rejeitou algumas das propostas preliminares sobre questões comerciais, enquanto a China lidera a pressão contra medidas "unilaterais" e, em particular, contra o preço do carbono nas importações imposto pela UE.
"Não vamos nos deixar levar por uma conversa falsa sobre medidas comerciais. Vamos chamar as coisas pelo nome", disse ele.
As longas negociações climáticas devem terminar na sexta-feira, após quase duas semanas de negociações, mas cúpulas anteriores frequentemente se estenderam além do horário previsto.
bur-ia/iv





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