PEC da Blindagem e da Anistia: a quem interessa paralisar o Brasil? Brasil - OPINIÃO 23/09/2025
- Ana Cunha-Busch
- 22 de set.
- 2 min de leitura

PEC da Blindagem e da Anistia: a quem interessa paralisar o Brasil? Brasil - OPINIÃO
Sem Justiça - sem Paz
O Brasil vive mais uma semana tomada por debates que escancaram as prioridades distorcidas da política nacional. A chamada PEC da Blindagem e o Projeto de Lei da Anistia não são apenas propostas legislativas — são símbolos de um descompasso entre o que o Congresso discute e o que a sociedade de fato precisa.
Enquanto hospitais enfrentam filas intermináveis, escolas aguardam reformas, comunidades seguem sem saneamento básico e políticas sociais continuam engavetadas, parlamentares concentram esforços em garantir mais prerrogativas e ampliar espaços de impunidade. É impossível não questionar: a quem interessa uma PEC que protege parlamentares, enquanto milhões de brasileiros ainda esperam por políticas públicas básicas?
A narrativa que se constrói em torno da PEC é a de “garantir prerrogativas” e evitar “abusos de poder”. Mas, no fundo, o que se desenha é um mecanismo de blindagem que fragiliza os instrumentos de fiscalização e abre brechas para práticas que drenam recursos públicos. Recursos esses que deveriam estar sendo direcionados para o fortalecimento do SUS, da educação, da segurança alimentar, da assistência social.
Cada hora de plenário gasta discutindo blindagem é uma hora a menos dedicada a resolver os gargalos sociais. Cada pauta travada em nome da anistia é um projeto social adiado.
O impacto vai além do campo político. A sensação de impunidade mina a confiança nas instituições, espanta investidores sociais e internacionais e desmobiliza parcerias estratégicas. Quem arrisca aplicar recursos em um país onde a prioridade do Parlamento não é garantir direitos, mas blindar privilégios?
Essa lógica gera um efeito cascata: menos confiança, menos investimento, menos políticas sociais executadas. E mais um ciclo de desigualdade se fortalece.
O que me preocupa — e deveria preocupar a todos — é que a pauta social já sofre de uma fila imensa de projetos parados. Há iniciativas inovadoras, capazes de transformar territórios inteiros, aguardando apenas sinal verde político e orçamentário. Mas, quando a agenda é dominada por discussões como a PEC da Blindagem, esses investimentos ficam ainda mais distantes.
Será que vamos aceitar que a democracia seja sequestrada por interesses corporativos, enquanto famílias seguem sem água tratada, sem escola de qualidade, sem saúde de base? Até quando vamos normalizar que a política olhe mais para dentro de si mesma do que para a sociedade que a sustenta?
Essa semana, mais uma vez, o Brasil ficou diante de um espelho incômodo: temos pressa na pauta social, mas quem decide parece ter pressa apenas em se proteger.
E aqui deixo minha inquietação: será que, ao blindar seus próprios corredores, o Congresso não está fechando também as portas do futuro para milhões de brasileiros?
@cauvic2





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