Precisamos falar sobre nosso vício em combustíveis fósseis: Diretora-executiva do PNUMA. 13/11/2025
- Ana Cunha-Busch
- 12 de nov.
- 3 min de leitura
Por AFP - Agence France Presse
Precisamos falar sobre nosso vício em combustíveis fósseis: Diretora-executiva do PNUMA
Por Nick Perry
"Fora do alvo", "Disco quebrado", "Janela se fechando": os principais relatórios do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente vêm alertando há anos que as emissões precisam cair mais rapidamente para evitar impactos climáticos perigosos — mas o mundo está ouvindo?
A diretora executiva do PNUMA, Inger Andersen, acredita que sim, apontando para o progresso alcançado desde o Acordo de Paris, há uma década, mas afirma que as nações precisam ir além e se desvencilhar dos combustíveis fósseis.
A economista dinamarquesa, no Brasil para a maratona de negociações climáticas da COP30, conhece bem as armadilhas da diplomacia ambiental, tendo presidido as tensas negociações sobre o tratado do plástico que fracassaram em agosto.
Andersen conversou com a AFP à margem da cúpula climática anual da ONU sobre a busca de um consenso, a necessidade de prazos e por que ela gostaria que os Estados Unidos estivessem presentes em Belém.
Esta entrevista foi editada para maior clareza e concisão.
R: "Acho que sim. Estamos vendo um certo grau de flexibilização em algumas das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) — mas essa flexibilização não é suficiente. A questão é: vamos simplesmente desistir e ir embora? Não. Este é o momento de nos empenharmos."
R: "Precisamos de uma conversa sobre emissões — e é urgente. Incluí-la nesta agenda formal, ou de outra forma, é fundamental para que não percamos de vista o fato de que toda a história precisa terminar com uma redução, uma eliminação gradual, uma diminuição progressiva, a transição para longe dos combustíveis fósseis, de modo que não tenhamos as emissões de que estamos falando.
Precisamos ampliar as alternativas que podem abastecer o nosso mundo, porque você, eu e o resto do mundo somos viciados em combustíveis fósseis." Atualmente, nossas economias dependem disso em muitos países."
R: "Eu fui um dos que insistiram em um prazo — vamos concluir isso em dois anos. Mas eu sabia que não conseguiríamos? Era bem provável. Levamos 17 anos para chegar ao Tratado de Alto Mar (BBNJ). Levamos 21 anos para chegar a uma meta climática. Mas não temos 21 anos, nem 17, para o plástico, porque ele está em toda parte.
"Tivemos seis reuniões em dois anos e meio. O que acontece (a seguir) é o que acontece em qualquer negociação — fazemos outra rodada. E às vezes, quando você está em desvantagem, é quando a mente se concentra."
A: "Neste momento em que a geopolítica é complexa e há tensões no sistema multilateral global, é muito importante lembrar que estamos todos aqui pelo mesmo motivo. Temos interesses diferentes? Talvez. Eles puxam em direções opostas? Às vezes, sim. Mas alguém não quer resolver a crise do plástico ou a crise climática? Acho que não."
A: "Não, no multilateralismo, gostaríamos de ver todos os 193 Estados-membros presentes. Claro, respeitamos a decisão de um governo eleito. Essa é uma decisão soberana. Mas certamente gostaríamos de ver uma presença, independentemente das posições que os governos individuais possam assumir.
E só para deixar bem claro que os EUA estavam presentes em Genebra, e não vou atribuir a culpa pelo que aconteceu. Foi uma falha coletiva e acho que todos – incluindo as Nações Unidas – precisam analisar o que podemos fazer melhor da próxima vez."
np/bgs
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