Promotores da Captura de Carbono Comparecem em Grande Número à COP30: ONG. 17/11/2025
- Ana Cunha-Busch
- há 4 dias
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Por AFP - Agence France Presse
Promotores da Captura de Carbono Comparecem em Grande Número à COP30: ONG
Por Benjamin Legendre em Belém e Laurent Thomet em Paris
Empresas e grupos que apoiam a tecnologia de captura de carbono, que críticos consideram uma desculpa para continuar queimando combustíveis fósseis, enviaram mais de 500 participantes para a COP30, a conferência sobre o clima, de acordo com uma lista compilada por uma ONG e compartilhada exclusivamente com a AFP.
A lista, compilada pelo Centro de Direito Ambiental Internacional (CIEL), inclui gigantes do petróleo e gás como ExxonMobil, Shell e BP, além da estatal brasileira Petrobras e da China National Petroleum Corp.
O inventário do CIEL é amplo, com nomes como a gigante americana de tecnologia Amazon, o Porto de Antuérpia-Bruges e a empresa canadense West Fraser Timber, juntando-se a grupos mais óbvios como o Global CCS Institute.
O CIEL classificou um total de 531 participantes das negociações da ONU em Belém, Brasil, como "lobistas" de empresas ou grupos que promovem a captura e o armazenamento de carbono (CCS).
Esse número "destaca a grande quantidade de energia e eletricidade que a indústria de combustíveis fósseis está investindo para garantir seu futuro, vendendo a ideia de que governos e empresas podem 'limpar' o uso de carvão, petróleo e gás capturando e 'gerenciando' as emissões', afirmou o CIEL.
A ONG afirmou que havia 475 lobistas de CCS registrados na COP28 em Dubai e 480 na COP29 em Baku — ambas com um número total de participantes maior do que a conferência em Belém.
A CCS é uma tecnologia controversa.
O IPCC, o painel científico de especialistas da ONU sobre mudanças climáticas, afirma que a captura de carbono é uma opção para reduzir as emissões, inclusive em setores altamente poluentes como cimento e aço.
Os equipamentos de CCS capturam o CO2 em sua fonte — como usinas de energia ou instalações industriais — ou o extraem diretamente do ar antes de ser armazenado em formações rochosas subterrâneas profundas.
Mas sua implantação em larga escala ainda é cara e tecnicamente complexa, o que, por enquanto, representa um papel pequeno no combate à crise climática.
"Precisamos da captura de carbono porque vamos ultrapassar a meta de limitar o aquecimento a 1,5°C", disse o senador americano Sheldon Whitehouse, democrata e defensor de ações climáticas robustas no Congresso, à AFP em Belém.
"Não pode mais ser uma desculpa para poluir", afirmou Whitehouse. A CIEL afirmou que as empresas petrolíferas estão usando a demanda energética do crescente setor de IA como justificativa para continuar perfurando.
"A captura e armazenamento de carbono (CCS) não torna os combustíveis fósseis 'limpos' – apenas os mantém queimando", disse Lili Fuhr, diretora de economia fóssil da CIEL.
"O mundo não precisa de fantasias tecnológicas movidas a combustíveis fósseis justificando a continuidade dos negócios para grandes poluidores e bilionários do Vale do Silício", disse Fuhr.
Uma análise separada da organização Kick Big Polluters Out constatou que mais de 1.600 participantes faziam parte de empresas ou grupos com ligações com a indústria de combustíveis fósseis.
A CIEL afirmou que, para ser classificada como lobista da captura de carbono, uma empresa ou organização precisa estar envolvida em um projeto de CCS, ter um histórico de lobby pela tecnologia ou declarar que seu propósito inclui a promoção da CCS.
A ONG verificou as informações em sites de empresas, no banco de dados de projetos de CCS da Agência Internacional de Energia, em fontes de notícias ou registros de lobby, entre outras fontes.
Mais de 40 "lobistas de CCS" fazem parte das delegações nacionais na COP30, incluindo Rússia, países do Golfo e Brasil, segundo o CIEL.
Barnaby Pace, pesquisador sênior do CIEL, reconheceu que a ONG não pode ter certeza se alguma empresa enviará um representante para falar sobre CCS na COP30.
"Não podemos prever isso com exatidão, mas certamente fará parte da agenda deles se estiverem seguindo essa linha, e achamos isso problemático", disse ele à AFP.
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