UE defende imposto sobre carbono enquanto ministros assumem negociações da COP30. 17/11/2025
- Ana Cunha-Busch
- há 4 dias
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Por AFP - Agence France Presse
UE defende imposto sobre carbono enquanto ministros assumem negociações da COP30
Benjamin Legendre, com Laurent Thomet em Paris
Ministros assumiram as negociações climáticas da ONU no Brasil nesta segunda-feira, enquanto a COP30 entrava em sua reta final, com as nações divididas em questões-chave e a UE defendendo um imposto sobre carbono criticado pela China e outros países.
Ministros chegaram e fizeram discursos para dar início à segunda semana de negociações na cidade amazônica de Belém, com os países debatendo a linguagem sobre compromissos climáticos fracos, promessas financeiras insuficientes e barreiras comerciais.
Um dos maiores pontos de discórdia é uma política emblemática da União Europeia, apelidada de "imposto sobre carbono" sobre importações.
"Precificar o carbono é algo que precisamos buscar com o maior número possível de países, o mais rápido possível", disse o comissário para o clima da União Europeia, Wopke Hoekstra, ao grupo reunido.
A China, a Índia e outros países aliados querem que a COP30 adote uma decisão contra barreiras comerciais unilaterais — uma crítica ao Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM) da UE.
Testado desde 2023 e com previsão de entrar em operação plena em 2026, o CBAM visa as importações de bens com alta emissão de carbono, como aço, alumínio, cimento, fertilizantes, eletricidade e hidrogênio.
O chefe da delegação chinesa na COP30, Li Gao, disse à AFP na semana passada que as nações devem "evitar o impacto negativo, por exemplo, do unilateralismo geopolítico ou do protecionismo".
Autoridades da UE e da China devem se reunir ainda nesta segunda-feira para discutir o assunto, que tem dominado as discussões entre os delegados na quente Belém.
A China, a Índia e outros países aliados querem tomar uma decisão na COP30 contra barreiras comerciais unilaterais — uma crítica ao Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM) da UE.
O CBAM tem como alvo as importações de bens com alta emissão de carbono, como aço, alumínio, cimento, fertilizantes, eletricidade e hidrogênio.
O chefe da delegação chinesa na COP30, Li Gao, disse à AFP na semana passada que as nações devem "evitar o impacto negativo, por exemplo, do unilateralismo geopolítico ou do protecionismo".
Autoridades da UE e da China devem se reunir ainda nesta segunda-feira para discutir o tema, que tem dominado as discussões entre os delegados na quente Belém. "Não vamos nos deixar levar pela sugestão de que o CBAM seja, na verdade, uma medida comercial unilateral. E, nesse sentido, também não vamos discuti-lo", disse Hoekstra em uma coletiva de imprensa.
- 'Não podemos nos dar ao luxo de perder tempo' -
A COP30 deve terminar na sexta-feira, mas as negociações climáticas anuais da ONU costumam se estender além do horário previsto, enquanto negociadores exaustos lutam para encontrar consensos sobre como lidar com as mudanças climáticas.
"Há muito trabalho pela frente para ministros e negociadores. Peço que vocês abordem as questões mais difíceis rapidamente", disse Simon Stiell, representante da ONU para o clima, aos presentes.
"Quando essas questões são adiadas indefinidamente, todos perdem. Não podemos, de forma alguma, nos dar ao luxo de perder tempo com atrasos táticos ou obstruções", afirmou.
Outro ponto polêmico foi a pressão dos estados insulares — apoiados por nações latino-americanas e pela UE — para que a COP30 respondesse às projeções mais recentes, que mostram que o mundo não conseguirá limitar o aquecimento a 1,5°C.
Mas os principais países emergentes, da China à Arábia Saudita, estão receosos com qualquer texto que sugira que não estão fazendo o suficiente para conter as mudanças climáticas.
"Para os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, 1,5°C não é um slogan político. É um limite de sobrevivência inegociável para o nosso povo, nossa cultura e nossos meios de subsistência", disse Steven Victor, ministro do Meio Ambiente de Palau e presidente da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS).
Victor disse aos seus colegas ministros que a AOSIS estava decepcionada com a falta de progresso desde que as nações concordaram, em 2023, na COP28 em Dubai, em fazer a transição para longe dos combustíveis fósseis.
O Brasil, país anfitrião, quer que a COP30 envie um sinal ambicioso sobre combustíveis fósseis, mas a forma que isso tomará — uma decisão da ONU, que exige consenso, ou uma declaração separada dos países interessados — permanece incerta.
O vice-presidente do Brasil, Geraldo Ackmin, pediu aos ministros, na segunda-feira, que concordem com "planos de ação integrados" para a transição para longe dos combustíveis fósseis.
- O dinheiro fala alto -
O dinheiro volta a ser o centro das negociações, depois da cúpula do ano passado em Baku ter terminado com um acordo para que os países desenvolvidos fornecessem US$ 300 bilhões anualmente em financiamento climático para as nações mais pobres — um valor criticado como extremamente insuficiente.
Os países em desenvolvimento, especialmente da África, querem que a COP30 aponte o dedo para as nações desenvolvidas por não fornecerem financiamento suficiente para ajudar na adaptação às mudanças climáticas e na redução das emissões.
A presidência brasileira da COP30 publicou um memorando na noite de domingo resumindo esses pontos de vista divergentes e propondo opções.
"Esta é a presidência brasileira preparando o terreno para a fase final", disse Li Shuo, especialista em clima do Asia Society Policy Institute.
Os ministros terão que "alcançar o delicado equilíbrio entre essas três peças", afirmou Li.
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