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Haverá COP 30? Haverá, mas com que preço? OPINIÃO 09/08/2025

  • Foto do escritor: Ana Cunha-Busch
    Ana Cunha-Busch
  • 8 de ago.
  • 3 min de leitura
Rua de Belém com tapumes e obras. Foto: Agência Brasil
Rua de Belém com tapumes e obras. Foto: Agência Brasil

A COP 30 - visão de uma nativa


Faltando menos de 100 dias para a aguardada COP 30 na Amazônia, uma realidade preocupante se confirma. Países em desenvolvimento, sociedade civil, ONGs e diversos atores empenhados na mitigação das mudanças climáticas e na promoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) manifestam o desejo de participar do evento, mas esbarram nos preços abusivos das hospedagens.


A rede hoteleira parece acreditar que poderá reduzir os valores na última hora, num jogo arriscado que lembra uma partida de pôquer, mas essa expectativa tende a frustrar-se, já que viajantes internacionais costumam planejar suas reservas com antecedência.


Eu, brasileira, com acomodação garantida, provavelmente também não comparecerei. O número crescente de desistências, tanto de pessoas quanto de delegações governamentais, deve se intensificar nos próximos dias, lamentavelmente.


Há seis meses, alertei que o Governo do Pará vinha incentivando a população local a “levar vantagem sobre os estrangeiros”, atitude claramente expressa em postagens no Instagram e outras redes sociais, gerando constrangimento e prejudicando a imagem do evento.


Como jornalista de um veículo teuto-brasileiro, busquei alertar o Governo do Pará para que, em vez de estigmatizar a população local como oportunista, a campanha adotasse uma postura educativa, esclarecendo a relevância do evento e o que está em jogo, não apenas para o Brasil, mas para o mundo. É fundamental fomentar um senso de pertencimento e empatia entre os habitantes paraenses.


A responsabilidade, portanto, deve ser compartilhada entre o Governo do Pará e a ganância desmedida da rede hoteleira local. A cidade em si não pode ser responsabilizada, pois aguarda as obras de infraestrutura prometidas, como melhorias em estradas e serviços públicos, que beneficiariam seus cidadãos.


Entretanto, permanecem incertezas quanto à conclusão dessas obras dentro do prazo previsto. O local que sediará a COP está decorado com “árvores de plástico”, uma tentativa estética questionável de remeter à floresta e proporcionar sombra.


Além disso, questionamentos dirigidos ao Governo do Pará sobre a capacidade de suprir as demandas de água e energia durante o evento — que deve registrar um aumento mínimo de quatro vezes no consumo — não foram respondidos. Considerando o uso intensivo de aparelhos de ar-condicionado e a alta demanda hídrica, os riscos de falta de energia e água são significativos, podendo prejudicar a população local. Até o momento, a resposta oficial do governo permanece ausente.


No início do ano, os preços já estavam abusivos e ao questionar o Governo do Pará, a resposta foi mais uma vez o silêncio.


Para a Rede Hoteleira uma dica: existe uma coisa que se chama custo/benefício. Verifiquem o preço médio de Hotéis 5 estrelas em todo o mundo; me dei ao trabalho, a média é de 498 euros. Claro que o valor, pela demanda e procura será diferenciado, inclusive isso acontece para esta média agora, época de férias e verão no hemisfério Norte, mas não deveria ser abusivo.

Entenderam agora o que quis dizer com custo benefício? As pessoas que viajam SABEM o preço, e as que não viajam também se informam rapidamente.


Eis um quadro comparativo das COPs anteriores que aumentaram seus preços, o que é normal pelo o aumento da demanda, mas percebam a diferença :


Comparativo de Aumento de Preços de Hospedagem nas COPs



Evento

Local

Aumento Médio de Preço

Observações

COP29

Baku, Azerbaijão

Até 1.263%

Aumento significativo devido à alta demanda e oferta limitada.

COP28

Dubai, Emirados Árabes Unidos

Até 19%

Aumento moderado em comparação com outras edições.

COP30

Belém, Brasil

Até 9.562%

Aumento extraordinário, com diárias chegando a US$ 15.266.



Exemplos de aumentos específicos em Belém:


Hotel COP30: Anteriormente conhecido como "Hotel Nota 10", este estabelecimento aumentou sua diária de R$ 70 para R$ 5.670, representando um aumento de aproximadamente 8.000%. Fonte: Correio Braziliense+3O Segredo+3Revista Oeste+3


Outros Hotéis em Belém: Estabelecimentos três estrelas estão cobrando até R$ 51.000 por cinco diárias, uma média de R$ 10.200 por noite para duas pessoas. Fonte: Brasil 247




Considerações Finais


Os aumentos de preços para hospedagem em Belém durante a COP30 superam com folga os registrados em edições anteriores do evento, como em Baku, no Azerbaijão, e em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Esse aumento exponencial vem provocando críticas de diversos setores internacionais, especialmente de países em desenvolvimento, que enfrentam sérias dificuldades para custear os valores abusivos cobrados.


Em resposta à crise, o governo brasileiro tenta implementar medidas paliativas, como a oferta de quartos com tarifas controladas e a utilização de acomodações alternativas, incluindo navios de cruzeiro, na tentativa de minimizar os impactos da escassez e do custo elevado da rede hoteleira local.


No entanto, já há receios de que essas iniciativas possam chegar tarde demais, colocando em risco a participação efetiva de muitos delegados e observadores, e comprometendo o sucesso do encontro. A grande questão permanece: será que o cidadão brasileiro médio, que muitas vezes precisa enfrentar longas distâncias continentais, terá condições financeiras para arcar com esses preços exorbitantes?




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